Da Redação - Correio Braziliense
Apesar de ainda não regulamentada, profissão de doula ganha crescente espaço no mercado. Exclusiva para mulheres, a carreira é voltada para a assistência a gestantes e maridos
O momento de dar à luz uma criança é sempre motivo de preocupação para as mulheres. Quem espera um filho idealiza como será o grande o dia, se fará uma cesária ou um parto normal. Nenhuma mãe quer que esse seja apenas mais um procedimento de rotina: tem que ser um momento especial. Para tornar esse desejo possível, novas profissionais estão fazendo sucesso no mercado de trabalho. São as doulas, trabalhadoras especializadas na humanização do parto, ou seja, voltadas à garantia do bem-estar, do respeito, da calma e até da redução das dores na hora de trazer o bebê ao mundo. Com curso de formação específico para a atuação, as doulas cobram de R$ 300 a R$ 1,7 mil por cada concepção que ajudam a realizar e podem utilizar os conhecimentos na área como complementação de outras carreiras.
Normalmente, essas especialistas são médicas, enfermeiras, professoras de educação física, ioga ou pilates, nutricionistas ou de outra área de formação afim. Qualquer mulher com mais de 18 anos pode fazer o curso. “A capacitação para as doulas engloba algumas técnicas (veja quadro), como posições que podem aliviar as dores. São métodos não farmacológicos que podem tornar o momento menos traumático”, relata Daphne Rattner, professora da área de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora executiva da Rede pela Humanização do Parto e Nascimento (Rehuna). Além disso, quem ingressa nessa carreira pode ajudar a mudar o entendimento mecanizado sobre o parto, ainda presente em livros e equipes médicas. “Alguns obstetras com muito tempo de profissão adotam a metáfora de ‘motor, objeto, trajeto’ para as etapas de um parto. O motor é o útero, o objeto é o bebê e o trajeto, o canal vaginal por onde a criança sairá. Mas, na verdade, quem está trabalhando ali, naquela hora, também é humano, não se pode pensar assim. E as doulas mudam isso desde o pré-parto até os primeiros momentos da amamentação”, analisa Daphne Rattner . E foi ao perceber essa realidade, ainda durante o curso de graduação, que Clarissa Kahn, 30 anos, decidiu se tornar doula. Psicóloga e educadora perinatal, ela conta que resolveu colaborar na mudança daquilo que via nas maternidades. “Sempre gostei da área materno-infantil . Fiz estágio em hospitais, e a forma como mães eram assistidas no momento da concepção me incomodavam bastante. A falta de respeito e o excesso de intervenção médica nas escolhas das mulheres eram algumas das minhas principais preocupações. Então, decidi fazer o curso e me formar doula também”, conta. Após 10 anos atendendo a grávidas, a também coordenadora do Espaço Acalanto conta que tem um preço pré-definido para realizar o atendimento, mas que as tarifas dependem do pacote que a mãe deseja fechar e das condições expostas por cada casal. Clarissa ministra cursos de cuidado com o bebê e com a amamentação, faz todos os acompanhamentos e cobra de acordo com o solicitado. Embora ela coordene a clínica, suas clientes são conquistadas por meio de indicações ou após consultas. Reconhecimento Atualmente, as doulas podem abrir uma clínica, atender em casa ou se filiar a profissionais que lidem diretamente com as grávidas e as indiquem. Mas, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde reconheçam as vantagens da presença da doula na hora do parto, ainda não há um reconhecimento da profissão. Por isso, elas não podem ser contratadas em hospitais. Trabalham por meio de contratos formais ou acordos com os futuros pais. “Quem abre uma clínica exclusivamente para esse fim terá que contar com outras parceiras, pois as grávidas começam a ser atendidas no sétimo ou no oitavo mês e, a partir daí, há um acompanhamento até o pós-parto. Por isso, só é possível atender de quatro a cinco parturientes por mês. As interessadas precisam analisar quanto desejam ganhar e como vão gerir essa clínica”, aconselha Renata Beltrão, pedagoga especialista em saúde perinatal, educação e desenvolvimento do bebê e representante brasileira na Rede Latino-americana de Doulas. Estima-se que hoje existam cerca de 1.500 mulheres atuando no setor. Ao apresentar esse dado na 3ª Conferência Internacional sobre Humanização do Parto e Nascimento, que aconteceu em novembro último, em Brasília, Renata Beltrão pediu e conseguiu apoio para pleitear a inclusão das profissionais no Manual de Ocupação Brasileiro. “Não é difícil. Basta que tenham mais de 200 pessoas trabalhando na área. Hoje, trabalhadoras como parteiras e manicures, por exemplo, já estão incluídas”, observa. O documento deve ser encaminhado para o Ministério do Trabalho entre abril e maio deste ano e, se aprovado, vai possibilitar que elas possam ser contratadas mediante a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e que tenham reconhecimento. Nos Estados Unidos, as contratações em hospitais privados são comuns. Para exercer a ocupação, as doulas norte-americanas recebem uma certificação que precisa ser atualizada a cada dois anos. Segundo Renata Beltrão, a intenção é que esse nível de reconhecimento chegue ao Brasil. “Só no Doularte, onde ministro aulas, recebo 20 pessoas mensalmente querendo fazer o curso. Como a procura por esse tipo de trabalho tem aumentado, a demanda pelo aprendizado também cresceu muito. O reconhecimento será fundamental para nós”, pontua. Além disso, a regulamentação pode diminuir a resistência que as direções de hospitais ainda têm de aceitá-las em salas de parto. Em Brasília, as maternidades já estão conscientes da importância das doulas, mas, em outras regiões, há médicos que ainda se opõem ao parto humanizado. Embora esse procedimento possa ser realizado em casa, as grávidas que desejarem ter a estrutura de um hospital com o acompanhamento de sua doula precisam ter esse direito. “Elas são o apoio da mãe. É importante lembrar que essas profissionais não fazem parto ou qualquer outro procedimento cirúrgico. O apoio fornecido por elas é apenas emocional e de indicações para melhorias físicas”, complementa Daphne Rattner. Incentivo estatal Em 2003, o Ministério da Saúde desenvolveu um programa de treinamento de doulas comunitárias. Dois anos depois, 370 mulheres já estavam treinadas em 13 estados brasileiros. A ocupação não era muito conhecida naquela época, mas Recife, Belo Horizonte e Fortaleza deram continuidade ao incentivo da atuação e, hoje, têm hospitais com excelência no tratamento às gestantes. Todas são voluntárias e trabalham em um regime de 12 horas de plantão por semana. Conhecimento Conteúdos que uma doula aprende antes de atender as futuras mães » Cultura do parto » Humanização do parto baseado em evidências científicas, com base em referência das Organização Mundial de Saúde (OMS) » Rotinas hospitalares » Tipos de parto » Oficina de sexualidade » Revisão da anatomia feminina e da fisiologia do parto » Métodos de alívio farmacológico e não farmacológico da dor » História da doulas e evidências científicas » Cuidados que a doula oferece (apoio emocional no trabalho de parto, técnicas de relaxamento, exercícios para o períneo, respiração e visualização, exercícios, posições e massagens que facilitam o trabalho de parto, contato pré e pós-natal, a ética do cuidado) » Nutrição no trabalho de parto » Lutos e perdas no parto » Revisão do desenvolvimento fetal » Recepção do bebê na primeira hora » Amamentação na primeira hora |
sábado, 26 de fevereiro de 2011
COM A VIDA NAS MÃOS
CUIDADOS ESPECIAIS
Mulher protegida antes da gravidez
As mulheres podem proteger seus bebês mesmo que ainda nem estejam no plano dessas futuras mamães. Muitas mulheres nem sabem que existem maneiras seguras de evitar complicações antes mesmo de ver a barriga crescendo.
E uma ótima maneira de proteger um futuro filho é vacinando a mulher em idade fértil.
A vacinação em mulheres em idade fértil ou em tratamento de fertilidade é fundamental para prevenir as mulheres de algumas doenças, além de proteger futuros bebês de malformações ou até mesmo de um aborto espontâneo.
Sabe por que muitas mulheres não se atentam a esse importante aliado na gestação de um bebê? Porque muitos profissionais sequer abordam esse assunto com elas.
A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva publicou um relatório em novembro de 2008 no jornal "Fertility and Sterility" relatando que menos de 60% dos médicos ginecologistas e obstetras pedem o histórico de vacinação de suas pacientes e apenas 10% prescrevem as vacinas indicadas para as mulheres em idade reprodutiva.
O recomendado é vacinar a mulher antes da gravidez. Há vacinas que não podem ser oferecidas para as mulheres grávidas. É preciso esperar pelo menos um mês entre a administração das vacinas com vírus vivos e a concepção.
Vacinas - Aqui estão algumas das vacinas indicadas para as mulheres em idade de reprodução. Saiba os riscos que a mulher poderá ter caso ela não seja vacinada contra determinadas doenças. Portanto, se cuide!
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) – A mulher grávida que adquirir rubéola poderá causar malformações no feto, como surdez, catarata, glaucoma, problemas cardíacos e neurológicos.
Contra a varicela - Se o contágio for aos três primeiros meses de gestação, pode causar malformação do feto (abrangendo membros, órgãos e o cérebro) e até mesmo a morte dele. Caso a gestante contraia a varicela alguns dias antes do parto, o bebê tem grandes riscos de nascer com varicela neonatal.
Gripe – O risco de a gestante evoluir para uma pneumonia em conseqüência de uma gripe é cinco vezes maior. As mulheres que não receberam a vacina antes da concepção poderão se vacinar a partir do segundo trimestre da gravidez no período de maior circulação do vírus (inverno).
Tríplice bacteriana acelular para adultos – (dTap - difteria, tétano e acelular coqueluche) – Tanto mamães como todos que estão em volta do futuro bebê devem tomar a vacina para não transmitir para o pequeno. A coqueluche pode causar pneumonia, insuficiência respiratória aguda e convulsões levando à paradas respiratórias com risco de deixar sequelas mentais e motoras por falta de oxigenação do cérebro. Mulheres que receberam a dT há mais de dois anos podem tomar a dTap antes da gestação ou após o parto.
Hepatite A – Deve ser solicitado os testes sorológicos para verificar se a mulher é ou não imune à hepatite A. As suscetíveis devem ser vacinadas antes da gestação.
Hepatite B – A mulher portadora de hepatite B pode transmitir o vírus ao bebê durante o parto. Até 90% dos filhos das mães com hepatite B correm o risco de se tornarem portadores crônicos e ter seqüelas como cirrose e câncer hepático.
Pneumocócica 23 valente - É indicada apenas a mulheres que tenham doenças crônicas cardíacas, pulmonares, renais, diabetes, imunodeficiências e desprovidas de baço, pois estão mais propensas a doenças pneumocócicas invasivas.
Meningócica – No Brasil, a vacina meningocócica conjugada contra meningococo C tem sido recomendada em diversas regiões e é indicada principalmente a grupos de risco (falta de baço, imunodeficientes) ou durante surtos e epidemias, para maiores de dois anos de idade.
Estando com o calendário de vacinação em dia, mamãe está privada contra doenças que são prejudiciais a si e ao seu bebê, não expondo seu bebê ou futuro bebê ao risco de contrair alguma dessas doenças que podem ser fatais.
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