quinta-feira, 1 de outubro de 2015

NASCIMENTO HENRIQUE - PARTO DOMICILIAR

Desde o início da gestação, queríamos um parto natural. No início pensamos em parir no Hospital Sofia Feldmann que era a nossa melhor opção, mas com o tempo fomos estudando e decidimos que o parto domiciliar seria o ideal para a chegada de nosso príncipe Henrique!

O dia que mudou nossas vidas! 38 semanas e 3 dias de gestação

No dia 30/07/2015, às 4:22h da manhã, acordei assustada com a sensação de ter levado uma bolada na bunda. Logo senti um líquido quente saindo, pensei que fosse xixi, que eu não tinha acordado para ir ao banheiro. Estava muito cansada naquela noite, pois esse dia seria o chá de fraldas. Mas, percebi que era a bolsa que havia rompido. Chamei meu marido e falei com ele: “Acho que a bolsa estourou!”, ele acendeu a luz e olhamos o lençol todo molhado! Foi uma sensação muito gostosa, a ansiedade, a expectativa, a alegria de saber que logo nosso filho estaria com a gente, comemoramos: Ele vai nascer!!! O grande dia chegou! 

Ainda na cama ligamos para a parteira, conversamos pelo whatsapp, falei com ela o que estava acontecendo, mandei a foto do líquido que molhou o lençol. 
A equipe do parto domiciliar tinha nos visitado no dia anterior, não imaginamos que seria naquele dia. Odete me disse: "bora voltar para a estrada!" 

As contrações já começaram de 3/3minutos e duravam em média 30 segundos. Meu marido pegou um caderno e começou a anotar! As dores eram fracas, conseguia conversar, mas não consegui dormir de novo, estava elétrica, muita coisa ainda tinha que ser feita. 

Levantamos e fomos tomar um banho, lavei o cabelo, nos abraçamos e despedimos da barriga! Fui para o quarto separar as roupinhas do bebê! As contrações já estavam ritmadas. 

Fomos na casa da minha mãe para falar que era o dia e que teríamos que cancelar o chá. 
Liguei para minha amiga que iria fotografar o parto, falei com ela que não precisava ter pressa porque ainda demoraria. 
Na volta pra casa, ia passar no supermercado, mas já não estava conseguindo mais me concentrar, pedi para voltar pra casa. 

Fui para o chuveiro, relaxei, meu marido sempre doce e sorrindo pra mim, fazendo com que tudo saísse do jeito que sonhamos. 

Às 8 horas minha amiga chegou, não conseguia conversar direito pois as contrações estavam bem intensas, fiquei um pouco deitada, mas quando vinha a contração eu sentia a vontade de mudar de posição. A piscina estava enchendo no nosso quarto! Sempre idealizei o parto na água. 

Fui pro chuveiro de novo, já não conseguia receber o carinho do marido, não quis segurar a mão da Grazi, sentei no hão do banheiro e pensei que não ia agüentar. E que se ele demorasse muito para nascer eu não daria conta. Meu marido se sentou olhando pra mim, falei com ele que eu não agüentava mais, que tava doendo muito. Ele sorrindo disse: Você consegue! 

Sai do chuveiro e fui pra cama, mas pouco tempo depois eu tremi de dor e quis sentar no vaso. Quando Deimes olhou a cabeça já estava aparecendo e já dava pra ver o tanto de cabelo que nosso bebê tinha. Chamei a Grazi e disse ele vai nascer!!! 

O círculo de fogo foi muito intenso, tive que me levantar porque se não o Henrique poderia cair no vaso. Em pouco tempo ele nasceu! Saiu de uma só vez. Foi amparado pelas doces mãos de seu pai, chorou logo em seguida. Foi uma emoção enorme, um momento único! Não conseguia imaginar que fosse ser tão perfeito. As dores sumiram, só tinha espaço para a felicidade de ver o rostinho do me filho e a cara de bobo do marido! 

A equipe não chegou a tempo, RS! 

Foram 5 horas e 45 minutos de trabalho de parto! Um dia que ficará em nossa memória! 

Meu príncipe nasceu com 3050g e 48 centímetros. Ficamos ligados ainda por um bom tempo, a placenta saiu quando a equipe chegou! A piscina ficou pela metade, RS! 

Conseguimos parir! Mesmo com muitas pessoas falando que eu não daria conta porque sou muito magra e tenho a bacia estreita! Henrique nasceu no dia que quis e como quis. Nasceu no banheiro de nossa casa e cercado de muito amor.

 Ensaio fotográfico com 36 semanas


Nasceu e foi direto para o peito


Henrique ainda conectado a placenta


 Órgão que nutriu o nosso príncipe


Impressão da placenta feita pela doula


Henrique, nosso tão esperado e amado príncipe


NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog;
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas, caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;
Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
*os relatos enviados devem contar a SUA experiência. Fotos e textos poderão ser publicados sem aviso prévio.

NASCIMENTO DA HELEN BEATRIZ

Há 10 anos atrás passei por uma experiência traumática no parto do meu primeiro filho. E na segunda gravidez me vi na dúvida de qual parto haveria de escolher, e tudo se transformou em uma dúvida maior depois que me vi impossibilitada de caminhar após uma queda e quebra da minha perna, aos quatro meses de gestação.

Mas a minha dúvida se transformou em certeza quando conheci Vanessa Aveline, meu anjo da guarda, minha doula, que fez a diferença na minha vida naquele momento.

No dia 15 de abril comecei a sentir as primeiras contrações, sabia que minha princesa, que eu tanto desejava, estava chegando. A madrugada veio e meu coração apertava, se enchia de alegrias e de medo, passei muito mal, mas não liguei.

Quando as oito horas da manhã do dia 16, minha doula chegou e começamos um trabalho lindo. Fomos para o chuveiro porque as dores aumentaram, cheguei até a dormir sentindo as contrações e escutando as músicas escolhidas por mim.

Eu nem acreditava que poderia entrar em um transe com dores, e num é que a tal PARTOLÂNDIA existe?!! Por alguns instantes me via em outro lugar, um lugar mágico. Tomei água de coco e chupei muito mel.

E então aquele trauma de dez anos atrás começou a passar na minha cabeça, mas estava tão tranquila que depois só pensava na chegada da minha princesa. E as dores, devido a um trabalho de respiração, já não eram problemas.

Fiquei muito tempo em baixo do chuveiro. Quando decidi deitar um pouco, as dores ficaram intensas e decidimos ir para o hospital. O hospital escolhido era um em que quase todos os nascimentos eram por cesarianas, mas eu faria a diferença naquele dia.

Chegamos ao hospital as 14h30 e tive a noticia de que estava cheio e não poderia me internar ali. Minha doula então disse a enfermeira que arrumassem um banheiro, minha princesa não demoraria a chegar. A residente fez o maldito exame de toque e disse que estava com sete cm de dilatação, mas que o obstetra confirmaria.

Lembro que quando o obstetra veio e ia fazer o toque, chamei a atenção dele pq estava tendo uma contração e era pro mesmo esperar ela passar. Quando ele me disse que estava com 10cm meu coração foi a boca. Minha bebê podia nascer ali, mas Vanessa não me deixou sozinha nenhum instante.

Então subimos pro bloco e meu marido ficou fazendo minha ficha, eu na minha dificuldade de andar, por conta da minha perna quebrada, nem lembrava mais dela, só pensava que daqui a alguns instantes estaria com um dos meus maiores sonhos nos braços.

Dentro do elevador o médico pediu que eu ficasse com as pernas fechadas, pq meu bebê poderia nascer ali, rimos até e eu vibrando com aquele momento tão especial.

Entramos no bloco, mas não vi mais Vanessa.

Começaram os procedimento, eu queria meu parto sentada, uma enfermeira sugeriu isso ao obstetra, mas ele não aceitou e disse que não daria tempo. Retirei meu vestido e deitei naquela mesa, já não estava aguentando a dor e então pedi uma analgesia. Tomei diversas agulhadas na coluna, mas na hora só conseguia pensar no rostinho da minha filha.

Virei a sensação naquele bloco, o obstetra dizendo: "Vai nascer, se alguém quiser ver é agora. Quem viu, viu. Quem não viu, não vai ver mais." E as 15h05 como num passe de mágica, entrei num transe e só senti minha filha sendo colocada nos meus braços.

Vanessa entrou e disse: "Já nasceu? Carol, foi muito rápido!!!".

Não deu tempo do marido ver, então tiramos fotos daquele momento para mostrá-lo.

Tínhamos algumas exigências conforme o Plano de Parto que não foram atendidas. Mas já sabíamos que provavelmente seria assim, naquela instituição.

Porém meu parto foi motivo de comemoração, não entramos pra triste estatística daquele lugar. Foi o ÚNICO PARTO NORMAL EM TRÊS DIAS. Eu fiz a diferença!

Fiquei quase cinco horas no pós parto com minha pressão alta, apesar de me sentir muito bem. Só ficava olhando pro rostinho da minha pequena princesa. E quando finalmente fui para o quarto, vi meu anjo da guarda e meu marido me esperando, foi só alegria!!!

Agradeço à Deus por ter colocado essa pessoa especial na minha vida, porque sem ela eu entraria na estatística das cesarianas mal indicadas. Ela fez a diferença na minha vida e da minha família e hoje estou muito feliz com minha decisão por um parto normal e ter contratado uma doula.

 Escada pés no Chá de Bençãos feito pela doula


 Papai e irmão dando beijinhos na casinha da Helen


 Aproveitando a PARTOLÂNDIA em baixo do chuveiro


Parir é ruim demais #soquenao



Helen Beatriz - 3,015 kg e 49cm


 Papai, mamãe e Helen, enfim juntos


Nossa doula e anjo da guarda com a princesinha no colo


Meus maiores presentes, Victor e Helen


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quinta-feira, 16 de julho de 2015

RELATO DE UM PARTO NORMÁRIA

Relato abaixo como foi meu segundo parto! Espero que as mamães de plantão estudem, busquem seus direitos e optem por um parto normal. Deixem a cesariana pra uma emergência! Miguel nasceu com quase 42 semanas. Estava sendo monitorado a todo tempo! E é um menino forte, saudável e cheio de vida!!!!

Relato de um parto normária!

Boa tarde!!!!

Demorei mas está aí meu relato de um parto abençoado, normária!!!!

Procurei o Hospital Sofia Feldman, no dia 24/4/15, e me pediram, se eu não entrasse em trabalho de parto até segunda, 27/4/15, eu deveria retornar ao hospital e me internar para uma possível cesária. Confesso que fiquei muito chateada, pois havia vivenciado uma cesária cheia de traumas a quase sete anos atrás, e gostaria muito que dessa vez fosse bem diferente, fosse natural!

Me preparei, mesmo no último mês pra isso, participei do congresso, estudei, li várias coisas, procurei profissionais da área... Enfim... Estava disposta a suportar toda dor, viver intensamente esse parto!!!!!

As contrações estavam muito espaçadas, sentia dores mas nada intenso de um início de trabalho de parto. Resolvi ir pro hospital na terça. Acreditava fielmente que Deus agiria na minha vida, no meu parto.

Ao realizar a triagem, me deram outra data, disseram que já estava com 41s e 5d. Assustei porque na sexta me informaram que 41s se completavam na segunda. Enfim...já me indicaram uma cesária. Eu havia passado o fim de semana conversando com dois anjos, Bel Cristina e Vanessa Aveline, que me deram várias dicas, inclusive da Sonda de Foley e da ocitocina. Falei com as enfermeiras que queria tentar as alternativas e citei as duas acima. Elas então me encaminharam para as práticas, fiz escalda pés, auriculoterapia e...(esqueci o nome daquela que coloca um monte de vidros com pressão nas costas rsrsrs). Isso me demandou a manhã toda. Voltei, havia rezado muito e pedi a Deus que fizesse o melhor e que eu aceitasse a sua vontade. As enfermeiras haviam conversado com um obstetra e ele havia analisado meu caso e disse que se eu estava disposta a tentar, vamos lá!

Me internei, fui almoçar, por volta de 13h. Fique esperando uma vaga no pré parto. Me encaminharam para um quarto, onde já haviam duas mulheres em trabalho de parto. Por volta de 18h, mais um anjo apareceu no meu caminho. Uma médica, que não estava de plantão, mas havia sido chamada no hospital para algumas urgências. (Preciso lembrar o nome dela). Ela conversou muito comigo, e resolvemos fazer um primeiro processo que era o descolamento de membrana. Uma dor intensa, me agarrei na cama. Ela foi um anjo, cada volta que dava pedia desculpas e perguntava: "vamos mais uma?", e acho que foram umas três voltas. agradeci e ela se foi. Meu marido estava ao meu lado o tempo todo. Ouviu no corredor, do lado de fora, outro anjo analisando meu caso, e estava um pouco nervosa, sem saber se faria ou não o Foley. Ela entrou no quarto, conversou comigo e fomos fazer. Outro procedimento extremamente doloroso, mas faria novamente! Voltei para o quarto e estavam tentando me transferir para o pré parto, onde tinha uma cama mais alta para colocar o peso. Minha amiga Carol chegou para trocar com meu marido. Ficamos uns minutinhos ali e quase presenciamos um nascimento na nossa frente! Fomos então para o pré parto. Estavam demorando muito para colocar o peso, e quanto mais demorava, mais o processo também demoraria. Infelizmente, nos deparamos com uma enfermeira nada humana. Pedi pra ir ao banheiro e perguntei como faria, já que estava com uma sonda pendurada. Ela disse pra esperar! Eu disse que estava muito apertada. Ela disse que eu fizesse na cama.(Grossa!). Voltamos pra cama, passou um tempo e resolvi voltar lá novamente, falar do peso e pedir pra ir ao banheiro. Outro anjo havia aparecido, a enfermeira Elza!!! Ela disse, pode ir, é só segurar a sonda pra trás. Uma enfermeira estudante me ajudou. Falei do peso e a Elza colocou pra mim. Iniciaram então o terceiro momento doloroso. (Acho que foi o mais) Nesse momento, que podia durar mais de 4h, minha amiga Carol estava do meu lado e começamos a rezar o terço. Cada dor intensa era oferecida a alguém que sofria por algo pior, um cristão que morria no Oriente Médio, uma pessoa doente no leito de morte... Enfim, minhas dores eram de vida! De nascimento!! De renascimento!!! Meu marido chegou e ficou comigo. A sonda saiu com 2:30h e dilatei 6cm. Fiquei super feliz, foi rápido e bem sucedido. Estava esperançosa!!! A enfermeira Elza então, me disse que podíamos romper a bolsa. Eu estava em sintonia o tempo todo com Vanessa, pelo telefone. Ela me sugeriu que eu descansasse um pouco. Pedi o descanso e Elza pediu para eu andar. Ela me deixou, com a Thais, a enfermeira grossa! Senti muito medo. Essa enfermeira me disse que teria que romper a bolsa, já eram mais de 2h. Perguntei que horas que a Elza voltaria e ela disse que só 4h. Já estava ficando cansativo, resolvi fazer o procedimento com ela mesma. (Meu único arrependimento). Ela rompeu minha bolsa às 3h, ao mesmo tempo fazendo toque. Foi super doloroso e agressivo, Elza havia dito que romper não doía, mas além de romper, ao mesmo tempo, a enfermeira Thais fez toque. Bom... ao tocar o bb, ela notou que havia algo diferente e até cogitou de estar pélvico. Perguntei a ela: Como pélvico se o coração estava embaixo?" (sem noção). Chamou outra enfermeira para avaliar e essa disse que era a mãozinha que estava na frente. Bom... A enfermeira Elza retornou, relatei pra ela o sofrimento. Pedi para tentar arrumar uma sala de parto com banheira, como queria. Ela conseguiu. Fomos pra lá. Lá, havia outro anjo, a residente de enfermagem Aline!!! Esse anjo foi maravilhoso!!!! Ficou comigo o tempo todo. Já havíamos colocado a ocitocina, antes de ir pra esse quarto. As contrações estavam lentas. Resolveram aumentar. A enfermeira responsável, ao me tocar, notou também algo estranho. Eu disse que haviam dito que era a mãozinha. Ela resolveu chamar o obstetra, por coincidência (ou providência Divina) o mesmo que havia liberado iniciar as tentativas na terça feira. (acho que se chama Edelclever. Algo assim. Sei que é Almeida, igual eu! rsrs) Ao fazer o toque, ele identificou que o bb estava de face. E tentou realizar a manobra pra ele virar e ficar na posição correta. Cortaram a ocitocina. Eu estava confiante em Deus! No segundo toque ele sorriu e disse, o bb está virando. Volta com a ocitocina. Fiquei super feliz! Mas ainda haveria um terceiro e decisivo toque. Por volta de 13h, do dia 29/4, ele entrou na sala, com uma equipe, inclusive o doutor Ronaldo, tio de uma amiga minha. Ao tocar, observou que o bb havia voltado com a face. Decidiram então fazer a cesária. Aceitei a vontade de Deus, e fui. Na sala, senti muito medo, comecei a chorar e relatei o porque ao anestesista e as enfermeiras. Lembram do anjo que ficou comigo no quarto com a banheira, ALINE! No momento da anestesia, ela me envolveu com seu corpo, com um anjo, me envolvendo com suas asas. Não senti nada na anestesia. O parto foi super tranquilo!!! Fique 48h no hospital, e não tive nenhuma reação, nenhum sofrimento, NADA de ruim como no meu primeiro parto. As enfermeiras do pós parto foram abençoadas! Miguel nasceu saudável, perfeito, muito mais do que eu esperava!!!!

Passaria por tudo novamente se soubesse que cairia em uma cesária? SIM! Pq? PRIMEIRAMENTE PORQUE A EXPERIÊNCIA DE TER DEUS AO MEU LADO E MARIA, MÃE DE JESUS ME AMPARANDO O TEMPO TODO NÃO TEM PREÇO!!! PODER VIVER MOMENTOS RODEADA E AMPARADA POR ANJOS... TER AO MEU LADO AMIGOS (CAROL), MEU MARIDO (GERALDO), MINHA TIA (SOLANGE)... SENTIR O AMOR DE FAMÍLIA E AMIGOS PELO WATTSAPP, O TEMPO TODO REZANDO, VOLTANDO OLHARES, ORAÇÕES, PRECES A DEUS POR MIM... TER VANESSA COMIGO, SENDO MINHA DOULA PELO TELEFONE, SEM NUNCA TER ME VISTO... RECEBER NOS MEUS BRAÇOS UM SER LINDO. ABENÇOADO, PERFEITO... FARIA TUDO NOVAMENTE!!!! MOMENTOS ASSIM MOSTRAM QUE AINDA EXISTEM SEREM HUMANOS HUMANOS!!!!!!! OBRIGADA A TODOS!!!!

Essa foi minha linda história de amor!!!!! De renascimento!!!!! Bjs!!!!


NOTAS DO BLOG:
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Nascimento do Francisco

Esse vídeo emocionante vai muito além de uma assistência humanizada ao nascimento, ele mostra os sentimentos de uma mãe que se preparou para um parto o mais fisiológico possível e necessitou de uma cesariana intra-parto.
Confira o trabalho de parto da psicóloga e doula, Chênia Valéria, em sua segunda gestação e se emocione com a gente.


*Francisco foi um bebê surpresa que só teve seu sexo revelado no nascimento.
**Imagens e edição, Andressa Cassetti - Felice
***Veja em alta resolução aqui: https://vimeo.com/130462871

Você também se preparou para um parto normal e passou por uma cesariana? Mande sua história para: vanessadoulamg@yahoo.com.br

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Relato do meu primeiro Parto e Nascimento da Isabelle

Sugiro que a leitura seja acompanhada desta música:

Eu me formei Psicóloga na PUC. Durante todo o curso me dediquei quase exclusivamente a psicologia hospitalar, li todos os livros, fiz todos os estágios que pude e no final fiquei quase um ano desempregada. Quando eu já tava pensando em aceitar um emprego em RH (desespero total) eu fui contratada num hospital geral.

Meu tema favorito sempre foi a assistência a pacientes terminais e suas famílias. No hospital me dediquei a esse público com carinho e afinco pois um dia, quando eu era acompanhante em um episódio de perda, não tive a oportunidade de ter atendimento psicológico, então a cada caso que eu atendia era como se o fizesse pela minha família da adolescência.

Em todas as vezes em que presenciei meus pacientes deixando essa vida, concluí que morrer pode ser mais bonito até do que nascer. Dependendo da perspectiva do doente, morrer é um retorno para casa, é uma libertação de um corpo limitado e adoecido. Observei também desenlaces sofridos e sempre associados ao apego as paixões deste mundo. Certa vez deu entrada no hospital uma senhora que era líder de uma comunidade religiosa, cercada de mulheres do mesmo coletivo, fui convida por elas a participar da cerimônia para seus últimos minutos aqui na terra. Só mulheres podiam estar presentes. Elas entoavam um canto sofrido e lindo enquanto a senhora suavemente fazia sua transição deste mundo para a transcendência. Aquilo não foi morrer, foi renascer. Minha gratidão a tudo que vi e aprendi neste trabalho.

Claro que nem sempre foi fácil, todo dia era uma luta. A morte foi institucionalizada, logo deveria se adequar ao protocolo clínico. Os familiares não podiam chorar na presença do doente, não podiam chorar alto quando ele falecia, enfim, não podiam chora. O paciente não era acolhido quando expressava suas angústias e a equipe jamais deveria se envolver com os casos, neutralidade era a conduta esperada e é assim em quase todas as instituições de saúde. Um exemplo didático: se o paciente pergunta a fisio se ele vai morrer ela diz: _ Não tenho capacidade técnica pra responder, melhor o senhor perguntar ao médico. Como o médico só vem no final do dia e por pouco tempo, ele pergunta a enfermeira que o abraça e faz um Buscopam na veia, mas sai sem nada dizer e chora no banheiro. Chega o médico e o paciente está dormindo. Mas como ele ficou sabendo do caso, deixa uma interconsulta solicitando atendimento da psicologia, afinal quem ouve somos nós. E assim segue o sistema.

Eu até ali lidava bem com os dois locus, tanto o da terminalidade como com o institucional. Mediava equipe e pacientes tranquilamente. Hoje eu vejo que eu tentava ser aquele profissional polivalente que atendia a todos os lados sem se colocar em lado nenhum. Por que: "Quando já não tinha espaço pequena fui, Onde a vida me cabia apertada, Em um canto qualquer acomodei" (Maria Gadú, Quando fui chuva)

Logo que engravidei toda a minha base teórica, prática e de análise pessoal não foram suficientes para me sustentar. As histórias dos pacientes me impactavam mais, eu não mais me recolhia diante dos impasses da clínica e passei a enfatizar meu posicionamento filosófico sobre a conduta. Lembro de uma amiga enfermeira, Luciana, com quem vivenciei experiências lindas, me dizendo que eu estava irreconhecível, que eu era outra pessoa. Ela estava certa.

Eu não planejei engravidar. Tinha cinco meses de casada e fazia planos para ser mãe em cinco anos. Mas o bebê já estava lá. Eu mal me acostumava a vida de casada e já tinha alguém morando em mim. Eu demorei quatro meses pra descobrir a gravidez, meu endócrino já me avisara que eu não engravidaria sem um tratamento longo. Os primeiros sintomas foram interpretados por mim como o início de uma depressão. A vida pessoal e profissional dava sinais de que algo estava fora do lugar, eu não sabia o que era, por isso uma fadiga tomava conta de mim, eu chorava a noite toda, não dormia e comia doce de pêssego no jantar com pizza de sobremesa. Era depressão.

Quando um palito de teste vagabundo me disse que eu tava grávida tudo fez sentido. Eu não estava adoecida, eu estava renascendo. Tudo girou, todas as minhas lagrimas tinha uma razão, eu me limpava, "lavava os sonhos e as calçadas" (Maria Gadú)

Com oito meses de gestação fui atender uma menina de sete anos que veio visitar o avô com câncer terminal. Provavelmente aquela seria a última vez que ela o viria nesta vida. Seria mais uma de tantas outras visitas infantis. Mas não foi assim. Perguntei se ela sabia o que o avô tinha, ela disse que sim, era câncer. Indaguei o que ela conhecia disto e a menina, fofa grau 10, me disse chorando que o câncer era uma doença que tirava as pessoas que amávamos e as devolvia a Deus. Chorei. (Uai, Psicólogo chora?) Não havia o que dizer. Nunca tinha ouvido descrição mais acertada. Não pude presenciar a visita de fato, como sempre fazia. Mesmo ciente da importância daquele momento para o trabalho de luto posterior eu não podia estar lá.

Com nove meses fui atender uma paciente que teve um surto psicótico após complicações em uma cirurgia. O delírio dela era estar grávida de uma menina. Atendi a ela e seus familiares por algumas semanas. Ela já estava estável psíquica e fisicamente quando a atendi pela última vez. No dia seguinte recebi a notícia do seu óbito. A família me relatou que a última coisa que ela pediu foi que trouxessem um presente a minha filha. Eu não sabia, mas aquele era um presente para o meu futuro. Era uma notícia de que a vida e a morte tem vários lados, várias perspectivas e que eu precisava me posicionar.

Paralelo ao trabalho formal eu embarquei numa pesquisa pra saber como seria o meu parto. Quando comentei sobre isso com alguns colegas todos me indicavam obstetras ótimos que faziam cesárea nos melhores hospitais da cidades. Ao mencionar que estava cogitando dar a luz no Sofia o susto e a revolta eram generalizadas: "Você não tem convênio? ", "Parto normal é para pobre!", " Aquilo é açougue! ". Calma gente eu tenho o convênio "fulano de tal", mas estou conhecendo minhas possibilidades. Eu podia dizer: O parto é meu e quem vai decidir sobre isso sou eu! Mas não eu precisava entender, acolher, manejar...

" Que isso! Seu convênio é o melhor que existe, os médicos vão amar te atender". Mas e eu, vou amar ser atendida por eles?

Minha irmã tem uma grande amiga que a sua irmã era enfermeira no Sofia, a Raquel. Ela me atendeu para o pré natal e eu o fiz conjugado com a médica do convênio. Uai menina, fez dois acompanhamentos? Fiz, porque eu precisava da "segurança" que só um médico tradicional poderia me dar. Era importante me assegurar que tudo tava controlado.

A cada consulta fui conhecendo a filosofia do Sofia, a forma de trabalhar, o modo como o processo do parto era amparado e tudo isso me fez refletir sobre a assistência da saúde geral, tudo me fazia lembra a minha rotina, meu pré natal foi uma visita técnica. Óbvio que o Sofia tem suas questões. Mas há naquele lugar um ethos, um jeito diferenciado de fazer as coisa. Tal observação me sacudiu, fazendo com que eu recalculasse minha rota.

Lá pelas 37 semanas a médica do convênio, que era super a favor do parto normal, começou a ver alguns problemas na minha gestação, até então perfeita. Vejam só vocês que coisa grave (isso é ironia), meu colo encontrava-se grosso, duro, sem dilatação e eu não apresentava nenhum sintoma de trabalho de parto. Talvez fosse necessário uma cesárea. Mas não havida nada com o que se preocupar, afinal de contas meu plano de saúde era ótimo. Ela só não contava que o meu plano de parto era melhor ainda. Essa foi a última consulta que eu fui.

Decidida a parir no Sofia, não quis doula nem fotos muito menos filmagens. Meu marido e eu fizemos sozinhos iriamos parir sozinhos. Três dias de prodomos, Já tinha feito escalda pés, ventosa, acumpultura, tomado mil litros de chás e feito escalda pés. Nada da menina nascer. Cheguei no PA com a certeza de que ela tava na portinha e a Raquel me dá a notícia de dois centímetros de dilatação. Eu estava há horas com contrações dolorosas de cinco em cinco. Mais um pouco de espera e em fim fui internada. Só nós dois, Dani e eu, cansados, sem dormir, sem nos alimentar, fadigados de ouvir meus gemidos de dor. Estávamos tensos, felizes de ver nossa Preta pela primeira vez. Essa era a nossa grande empreitada como marido e mulher e tudo parecia solene demais. Tinha o peso da vida fisiológica, mas tinha também a vida familiar que se formava. Tudo incerto e intenso.

Raquel sugeriu que eu fosse para a banheira o que eu logo aceitei pois na minha idealização tão logo eu adentrasse meu bebê sairia, tal e qual se dava nos vídeos de parto que eu assistia. Não foi assim. Daniel foi ao refeitório buscar comida e Raquel foi ao posto de enfermagem. Fiquei sozinha na banheira, a meia luz. Passei a mão sobre a barriga gigantesca e pedi a Deus na mais profunda das minhas orações: _ Senhor, enche este quarto de anjos, sozinha eu não vou conseguir. Neste momento eu senti a presença mais acolhedora e reconfortante, seguido de um barulho. A bolsa estourou. Pensei: _Obrigada Senhor, agora nasce! Nasce nada. A dor veio galopante. Eu me revirava na banheira, não tinha mais posição, tudo era doloroso. Beleza, eu entendi que não tô sozinha, mas esse anjo aí não alivia a dor não?!

_ Agora você tem que sair da banheira pra eu fazer um toque.

_ O que? Nem fudendo. Mas já deve ta nascendo mesmo, vai ser o último.

_ Quatro centímetros de dilatação!

_ Em?

Mostrou com os dedos, 4.

Vontade de sumir do mundo. _Oh Raquel, vamos botar uma ocitocina aí, porque eu não aguento mais. Ela me enrolou até eu não deixar mais escapatória. Ela sabia que depois disso,  aí sim ia doer. E doeu, viu. Pedi cesárea, pedi pra ir embora, pra tirar a dor, pra morrer... Recebi a analgesia.

_Que que isso gente. Porque não fez isso antes? Eu sabia dos riscos, dos malefícios da medicação, mas... foda-se, eu precisava dormir. E foi o que eu fiz. Dormi por uma hora, enquanto Daniel gastava sola de sapato andando de um lado para o outro no quarto, querendo que eu me levantasse e caminhasse. Eu simplesmente não conseguia. Quando fiquei de pé e fui caminhar comecei a sentir uma cólica. Mas, quê que tem, o bebê já ia nascer mesmo. Já eram três da manhã. A cólica virou dor, a dor virou delírio e o delírio virou desejo de homicídio.

_ Me dá outra anestesia, pelo amor de Deus!

_ Agora não pode. Só as sete da manhã, quando trocar o anestesista.

_ Tá doida Raquel, eu trabalho em hospital, ninguém inicia plantão as sete.

Ela só me olhou. E nos deixou a sós um instante.

Daniel: _ Pede uma cesárea agora. Vocês vão morrer aqui, vai passar da hora, você não está aguentando mais.

_ Eu vou pedir.

Quando Raquel veio eu falei: _ Ou faz a cesárea ou eu vou embora daqui. (Desculpe, Raquel)

Raquel trouxe a supervisora de Enfermagem pra conversar comigo.

_Olha, não grita, eu sei que ta doendo, respira fundo, cesárea vai cortar sua barriga é cirurgia, oh você tá gritando, respira, você terá uma cicatriz por resto da vida, oh não grita, é risco pra você e para o seu bebê, oh respira, vamos tentar mais um pouco?

_ Vamos!

Daniel se levantou, puto da vida, foi para o outro canto do quarto manifestar sua síndrome das pernas inquietas*.

Raquel se sentou ao meu lado, me deu suas mãos magrelas, Dani assumiu o posto da massagem na lombar e assim vencemos a madrugada. A cada contração eu espremia as mãos da Raquel e o Dani espremia suas mãos na minha coluna. E nem adiantava me mandar parar de gritar.  A dor do parto é um fenômeno atípico. Diferentemente da dor da humilhação, do descaso e do abandono, a dor do parto não gruda. Ela não faz morada na mãe. Ela passa.

Assim que deu sete horas da manha eu estava na sala de anestesia sendo medicada. Queimei minha língua. Voltei para o quarto e uma nova enfermeira rendeu aquele "anjo de candura da noite", agora sim a sala estava de fato cheia de anjos daqui: Daniel, Raquel e Adrinez. Eles caminharam comigo e a cada contração nós nos acocorávamos. Eu andava e via rastros de sangue pelo quarto. Mas não senti medo, sabia que estava bem amparada, também não tinha mais força pra gritar. Sentia-me esvaziada, imersa em mim. Certa hora elas me disseram para me sentar na banqueta, Dani ficou na cama e eu me recostei nele. Por causa da analgesia eu não sentia os puxos. Mas sabia que a hora estava chegando pela dor.

Neste instante eu entrei num transe. Não sei dizer quanto tempo durou, eu jurava que foram mais de duas horas, Dani diz que não passou de 20 minutos. Eu estava num caos, meus gritos, meus temores, minhas angustias... faziam um barulho ensurdecedor. Meu corpo inteiro foi tomado por essa sensação, nós eramos só vibração. Senti como se Dani, eu e Bebelle fossemos um. Ele pôs as mãos sobre a minha barriga e o seu toque nos unia. Então por um tempo tudo parou, o caos sessou e foi como se eu tivesse mergulhando no mar. Calmaria. Ela nasceu. Veio para os meus braços, assustada, tremendo as mãozinhas, mas sem chorar. Eu disse: Oi, você é a Isabelle? Eu sou sua mãe. Recostei-a no meu colo e ela mamou. Assim nasceu a minha Preta e assim eu morri para uma vida acomodada.

Meu parto não foi o padrão ourou que se tem propagado por aí. Eu fiz escolhas equivocadas, estudei pouco, não contratei doula, tomei ocitocina na hora errada, enfim, não me empoderei. Mas foi a melhor coisa que já me aconteceu. Foi o meu parto possível e que me aproximou de mim mesma.

Eu fui chuva, que permitiu que a uma criança nascer, uma família se fazer e uma mulher se instaurar.

O puerpério foi um tempo de explosão. Eu não cabia em mim. Queria sair pelas ruas gritando a todas sobre o que passei e como era bom parir. Comecei a estudar, lia tudo que me aparecia sobre parto humanizado. Eu me agigantei naquele momento"Nada do que eu fui me veste agora, Sou toda gota, que escorre livre pelo rostoE só sossega quando encontra a tua boca." (Maria Gadú, Quando fui chuva).  Eu estava tomada de amor pela minha filha e pela possibilidade de renascer profissionalmente. Não sabia como, mas eu precisava lidar com parto cotidianamente. Voltei a trabalhar e todos os dias alguma grávida me procurava pra conversar, alguém me contava uma história de parto... Tudo apontava para um novo caminho. Mas não era fácil abandonar um rumo trilhado com tanto empenho. Há tempos eu sabia de mim por aquele lugar. Demorei quase um ano para fechar esse ciclo. Tive que compreender que não se tratava apenas de trabalho, mas também dos meu lutos pessoais que precisavam ser elaborados. Depois dessa análise eu pude enfim trasmutar a energia do morrer para o nascer.


. Minha intenção era levar a cada gestante a luz que brilhava em mim.

Fiz o curso de doula pelo Inshtar/Minhas doulas e depois de um mês já estava doulando a primeira gestante, Vanessa, a quem serei eternamente grata pela oportunidade. Assim como as professoras e colegas de turma do curso que ainda hoje partilham experiências comigo.

Quando o trabalho engrenou de vez eu pude sentir a graça que é servir a gestantes. Não há nada mais belo e mágico que servir a luz. Tomada de gratidão por ter tomado outro rumo, meu corpo deu sinais que ele também se modificou. Ele se tornou morada para outro ser. Deus mandou outro anjo para ser acolhido e cuidado em nossa família. A vida se recria novamente em meu ventre e não podia ser diferente, eu sou pura criação. Mas já que ficarei um tempo sem doular, fiz um blog pra me comunicar com outras mulheres e poder partilhar essa missão. Outras mudanças se aproximam. Tudo sairá do lugar novamente. E é assim mesmo. Algo morre, para que algo nasça. E foi assim que eu cheguei aqui.

* Síndrome das pernas inquietas: agitação motora involuntária dos membros inferiores. Se identificou, ne?!



NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog. O original pode ser acessado aqui: (http://cheniavaleriadoula.blogspot.com.br/2015/04/relato-do-meu-primeiro-parto-e.html );
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;
Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
* os relatos enviados devem contar a SUA experiência. Fotos e textos enviados poderão ser publicados sem aviso prévio.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

TERÇA CARNAVAL!!! DIA DE FOLIA - Relato do Parto Joana Jacques Lara 17 Fev 2015

Descobri minha gravidez com quase 3 meses eu tomava uma pílula que não menstruava Joana veio porque tinha que vir acredito nessas coisas... ela escolheu eu e o João para ser seus pais!!, Ao saber do ser que estava a caminho minha vida virou de ponta cabeça faltando um ano e meio para me formar na faculdade no Rio de Janeiro  voltei pra casa... estava sensível demais e ficar com meu amor e família era oq precisava chorei... chorei muito.... chorei mais..... e mais... e muito mesmo.... como assim EU Mãe??? 

Procurei ajuda  na roda da ong bem nascer,,,  indicação da minha amiga Camila  que teve sua Diana no hospital Sófia Feldman a seis anos atrás no quarto Leila Diniz.      

Chorei mais....  e fui chorando e buscando informações... na verdade a gravidez é algo bem solitário mesmo você não estando mais sozinha... irônico não...? Hoje entendo esse choro e sensibilidade como um cair de fichas... mas dentro de mim pensava só acredito Vendo...

Opção pelo parto humanizado foi o meu pânico por cirurgias e médicos com mascaras luzinhas no teto e anestesia... mas depois percebi e compreendi que esse parto estava para além disso...  era  um momento meu do meu companheiro se transformar para chegada da nossa filha...Era  traze-la ao mundo da forma mais respeitosa e com todo amor do mundoooo assim como ela foi concebida... Agradeço muito a roda pelo empoderamento meu do João e me apresentar o anjo Rosana. com quem fiz yogas.. meditações preparei meu períneo .. me acalmei e preparei para o grande dia...vamos ao dia.. ao dia mais lindo dolorido colorido e inesquecível da minha vida....
          


Dia 17 de Fevereiro de 2015 terça feira de carnaval seis da manha ou pouco antes.... acordo com cólicas  leves ligo a tv e vejo o desfile da São clemente meia hora depois  outra cólica.... dormi mesmo com esse encomodozinho... que foi se intensificando...12:00 Puta que pariu.... ficaram mais fortes resolvi ligar para Doula Rosana que disse para  ter paciência que  mais ou menos a 5:00 horas passava para me levar pro sofia... 5:00 ?? tranquilo quando contrações vinham uivava como uma loba chamado a lua  .... foram aumentando paulatinamente.... agoraaa já usava todas as vogais pra “uivar”  principalmente o AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAhhhhhh....CARARALHOOOO..... não conseguia nemmm falar..... que dor ... 17:00 a Doula chega..... vomito... já estou quase  num transe ... abraçã Joao!! MEEEEEEE AJUDAAAAAAAAAAA !!!!! PUTZ...... pra que fui inventarrrrrrrrr........... chegamos ao hospital sofia... não to entendendo nada só espero a próxima contração escuto que já tenho 4 cm de dilatação que vou direto pro quarto LEILA DINIZ... é só poderia ser ... seja forte.... porderosa....!! 19:00 CAAAAAAARALHOOO!!!  Não vai nascer?? Quero sair daqui agora chega to cansada!!!  Vc vai desistir??? Nãoooo vamoooo nessaaa ... João um guerreiro fazendo massagem abraçando .... eu queria dormir um poquinho ...depois continuo....to cansada AAAAAAAAAAAAAAAHhhhhh OUTRAAA PORRRAA... anda que adianta... vai pro chuveiro sai... anda... deita na cama levanta ...quero ir pra banheira.....
Preparam Banheira pra mim...  desisto de sentir dor.... chega por favor....não aguento mais...

EU -MAMÃEEEEE QUERO  MINHA MAMÂEEEE MAMÂE ME TIRAAA DAQUI!!!!!

Doula-  “mãe? Tá chamando sua mãe...a mãe agora é você....chama sua filha,,,,”

Eu- JOAAAAAÂOOOOO ME AJUDAAA FICA COMIGO!!!

-João Tô aqui..

Eu-  Falando serio não qqurooooo maisssssssssssssssssssssssssssssssssssss AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH CARALHOOOOOOOOO!!! PORRAAAA NÂO  QUE QUE ISSO GENTE PELO AMOR DE DEUS!!!!

Vinte pra onze sei la... nuuuuuuuuu já passou isso tudo.... vcs estão me enganando não tem neném aqui,,,, é cocô...

A cabeça já apontou quer colocar a mão pra sentir...

-NÂAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOO JOAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOO!!!!! JOAOOOOOOOOOO!!!!!!! JOAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOO!!!

João – Oi... to aqui....

Doula- fica sentada vai nascer na água...

Eu- não to dando conta vou levantar, vontade que tive foi de subir, subir na banheira subir no teto, aiiiiiii ta vindooooo ta vindooooo....  levantei.... ela escorreu  .....23:17  nasceu.... nasceu.... meu deussssssss.... sou mãe.......  tenho uma família.... Joana minha filha..... como bom ter vc assim pertinho. Que etezinho lindo..... consegui... eu joana e joao na banheira... que lindo... tudo valeu a pena....  sou mamãe gorila... pego minha cria ela mama.... sim nasceu mamando... papai corta o cordão... papai separa filha da mãe ...

        

E foi assim.... depois desse parto senti que tudo foi natural... carregar, dar um banho. Enfim, todos os  cuidados que nosso  bb precisava.... João curou o umbigo de forma esplendida, com esse parto sinto que nasceu uma família de amor... nascemos nós 3 !!!  eu a mamãe Gorila!! só amor instinto poder Animal sou uma Mãe FEROZ  Tenho orgulho de mim mesma!!!!!!!!!!




Obs: Parto humanizado não é apenas o natural... eu e João combinamos, vamos tentar, se por acaso tiver nos 10% da cesariana, assim será.... e vai vir com muuitto amor.... mas fomos abençoados e veio como a gente queria e imaginou...   

NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog. O original pode ser acessado aqui: (http://ilhamariana.blogspot.com.br/2015/06/relato-do-parto-joana-jacques-lara-17.html?m=1 );
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
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quarta-feira, 18 de março de 2015

QUANDO O INESPERADO ACONTECE - Olhos e coração abertos


Fiz um plano de parto todo bonitinho e, assim como o partograma, ele saiu todo da curva. E é justamente isso que o torna bacana: tudo na minha vida nunca foi no padrão mesmo, acredito que com meu filho não seria diferente.
Tudo começou na terça, dia 10/02. Vi que o tampão havia saído. Estava com 40 semanas e 2 dias de gestação e aguardei então o início do trabalho de parto espontâneo. Na quarta, quinta e sexta o tampão continuou saindo, e ainda na sexta, 13, comecei a ter contrações. Começaram às 5 da manhã. Pensei: hoje vai! E foram ficando fortes e de 3 em 3 minutos. Fui para a maternidade.


Chegando lá, umas 17 horas, as contrações haviam parado e fui submetida a exames de praxe. Algumas enfermeiras disseram que eu deveria ser internada para fazer a indução naquele momento. Não havia levado nada para o hospital, estava despreparada e, se meu marido saísse para buscar qualquer coisa em casa, eu ficaria sozinha, porque moramos bem longe do hospital. De verdade? Arreguei. Saí de lá, não quis ser internada e voltei para casa.


No sábado não senti nada. No domingo, as contrações voltaram no mesmo esquema de sexta. Fui para a casa da Eliana, minha doula, que fez alguns exercícios comigo para ajudar na dilatação. No último exame de toque que havia feito na sexta já estava com 4 cm. Era um indicativo de que estava correndo tudo fisiologicamente bem. Pausa: outro dia comentei que para parir você não precisa de uma vagina, mas sim de joelhos íntegros. Você agacha, anda de pato, abaixa para pegar algo, já que a barriga não te deixa dobrar no meio. E haja joelhos para executar toda a série proposta pela Eliana! Bom, mas aí lá pelas 13 horas, as contrações simplesmente pararam. Voltei para casa mais uma vez.


Na segunda, dia 16, de novo não senti nada. Nada mesmo. Nem mesmo movimentos fetais. Aí fiquei preocupada. Desta vez me muni de coragem e fui de novo para a maternidade, preparada já para ficar. Passamos na casa da Eliana para buscá-la e seguimos para o Sofia Feldman.


Fui internada às 17 horas. Parece que a mudança de ambiente me fez bem. Ao entrar na sala do pré-parto, comecei a sentir contrações novamente e os movimentos do bebê. Marcaram meu nome no quadrinho e começaram a me monitorar. Meu marido, Paulo César, revezava com a doula, para que eles pudessem comer e descansar. Quem passou aquela noite comigo no hospital foi ele.


Até às 10 horas da terça senti contrações. Inclusive dormindo tive. Sonhava com elas. Porém, quando acordei de verdade, elas simplesmente pararam. Aí pedi a primeira intervenção: descolamento de membranas. A enfermeira fez tão direitinho e foi tão cuidadosa que não senti a dor absurda que imaginei que ia sentir. Suspeitei estar com a bolsa rota, pois o tampão que havia começado a sair na semana anterior agora vinha com uns gruminhos verde-escuro, que percebi ao sentar na cama. Mecônio. Ah, meu Deus...


Pedia a todo instante uns pensos, esses pedacinhos de pano para colocar na calcinha, enquanto sentia as contrações. Todo o momento que a doula estava comigo ela me lembrava de fazer agachamento para ajudar na dilatação. Minha bexiga devia estar com uma capacidade de no máximo uns 40 mL, porque além de fazer xixi toda vez que agachava, até doía pelo peso do bebê. Cheguei a dizer que estava a fim de fazer um litro de xixi, que não aguentava mais ficar fazendo de pouquinho em pouquinho. Evoluí para 5-6 cm até as 13 horas.


Nesse momento, foi feita a segunda intervenção: ligaram a ocitocina em mim. Meu colo já estava favorável, então era só um empurrãozinho mesmo. As contrações estavam suportáveis. Eram nível piriri. Só que nem bem se passaram dez minutos de ocitocina, tive uma cólica de rim brava. Pedi socorro pelo amor de Deus. Acharam que eu estava confundindo contrações uterinas refletidas por todo o abdome com o meu rim. A Eliana mesmo me disse que eu tenho uma consciência corporal muito boa, que sei dizer com exatidão o que dói e em qual escala. Pois bem, me examinaram e ligaram o Buscopan no soro também. O alívio foi quase imediato: realmente tive uma cólica de rim, e sim, ela dói mais que as contrações uterinas.


Lá pelas 15 horas resolveram ligar um aparelho de cardiotocografia em mim. Contavam que a minha idade gestacional era de 42 semanas e 2 dias (mas para mim ainda continuam sendo 41+2, e não tem quem me demova disto!), e que por isso tal monitoramento era necessário. A essas alturas, meu coração de mãe já começou a pensar que o desfecho não poderia ser aquele que sonhei. Para começar, tinha pensado em parir na água, num dia de sol, com a luz vindo do meu lado esquerdo. Só pela idade gestacional já não pude ir para a banheira, aí o negócio desandou, embora tivesse acesso a tudo o que precisaria, mas usei mesmo só o chuveiro.


Às 17 horas me levaram para a sala de parto. A luz vinha do meu lado esquerdo, como imaginei. Desta vez o Paulo César e a Eliana puderam ficar junto comigo ao mesmo tempo. Ligaram de novo a cardiotoco em mim. Batimentos cardíacos do feto não eram tranquilizadores. As contrações estavam mais fortes, vindo de 3 em 3 minutos, nível piriri mais agressivo. Romperam minha bolsa e saiu pouquíssimo líquido, oligrodrâmnio já indicado no ultrassom que havia feito com 39 semanas. E nada de o trabalho de parto engrenar. Estava deitada sobre meu lado esquerdo e a posição me incomodando demais.
Às 19 horas as contrações atingiram um nível de dor insuportável. A cólica de rim ficou bem para trás. Parecia que tinham dois ganchos, um de cada lado do osso da bacia, que eram tracionados, me rasgando no meio. A dor começava no púbis e se espalhava pelas laterais do osso. Ao mesmo tempo, sentia o bebê batendo no púbis e voltando. Pedi analgesia.



Antes de ir para o biombo da analgesia, conversei com o Dr. Roberto, que estava de plantão naquela noite, e já mandei a real: como escrevi no plano de parto que estava disposta a encarar uma cesárea se fosse necessária, que ele preparasse tudo caso após o efeito da analgesia passar eu ainda não tivesse parido. Muito solícito, esclareceu todas as dúvidas, fez um toque, e a posição do bebê sempre dava -1 em relação à espinha isquiática, e saiu. Eu queria um parto normal, mas não a qualquer custo. E não me perdoaria se acontecesse qualquer coisa com meu bebê.


Fui para o biombo e cheguei lá vomitando, de tanta dor. Minha pressão, que até então estava nos 11 x 8, foi a 15 x 10 (altaaa...!), que vi no monitor. Alguém foi lá limpar a bagunça que eu havia feito e logo a Dra. Rafaela resolveu meu problema. Alívio imediato, voltei para a sala de parto. Desta vez tudo escuro, as luzes apagadas, só a do banheiro, que estava de frente pra mim, acesa. Fiquei na banqueta de parto com a cardiotoco ligada outra vez. Pedi para baixarem o volume, porque o barulho estava me estressando. Fui monitorando as contrações e fazia força toda vez que o número verdinho ia lá nas tampas.


Sentia a vagina arder. Colocava a mão embaixo para ver se sentia a cabeça do meu filho descendo. Nada. A enfermeira que me acompanhava, Graziele, até me perguntou o que eu estava sentindo, para tentar me ajudar. Iluminava o ambiente com a tela do celular – confesso que essa iluminação estava até agradável, porque tudo escuro também era muito estranho. Colocaram oxigênio em mim. Ela fez toque, e a posição do bebê continuava sempre em -1 em relação à espinha isquiática. A dilatação já estava em 7-8 cm. O índice de Bishop para mim dava 9 no momento da admissão, o que contava como bastante favorável à indução, nem lembrei de perguntar nesse momento, que deveria estar ainda bem mais alto. Fiei-me nisso.


Quase 22 horas, o efeito da analgesia passou. Já estava totalmente dilatada. Voltei a sentir as contrações e pedi pelo amor de Deus para desligarem aquela ocitocina de mim e saí arrancando as correias da cardiotoco. Já lá no fundo eu sabia que seria cesárea. O Dr. Roberto entrou na sala, fez toque novamente e, adivinha! Não saímos do -1! Ele me informou que se tratava de uma parada de progressão e que era indicação real e necessária de cirurgia. Lembro de ter falado: “salva a gente então, Roberto!”. Ele foi muito bacana e explicou que tentaram ao máximo seguir tudo o que estava no meu plano de parto, mas tem coisas que não estão na nossa mão. Como já havia voltado a sentir as contrações, ele explicou mais algumas coisas que não me lembro bem, mas sei que aceitei a “derrocada” de bom grado.


Baixei a cabeça na cama, rezei um Pai-Nosso e uma Ave-Maria e pedi a Deus que nos protegesse. Contemplava o céu limpo, estrelado, mas eu não me perguntava se eu merecia aquilo. Logo eu, defensora do parto normal! Mas não, apenas aceitava porque sabia que seria assim, não me pergunte como, não me pergunte por quê. Morria de dor, mas por dentro eu estava em paz com aquilo.


Fui para o chuveiro e a Eliana chamou a minha mãe, que estava desde as 18 horas lá fora. Abracei e beijei ela, chorei de cansaço. Reclamei que não consegui parir, mas o Paulo César me abraçou e falou que eu fui guerreira demais, que ele não aguentaria duas horas o que eu aguentei dois dias. Que eu fui brava, acreditando na causa que eu defendia. Isso me deu ainda mais forças para encarar a cirurgia.


Ainda fiquei uma hora sentindo contrações sem a ocitocina. Eram ainda fortes, mas não no nível das de 19 horas. Vocalizava a cada contração e conseguia desenhar com a voz a onda de dor que sentia. Não gritei, eram gemidos altos. O Dr. Roberto me falou que iam preparar o bloco cirúrgico e que logo voltaria para me buscar (isso foi o que ele me contou. Porque para o Paulo César ele falou a verdade: disse que me deixaria mais uma hora sem a analgesia para ver se eu poderia progredir no trabalho de parto).


Antes de entrar no bloco cirúrgico, me falaram que eu tinha que escolher apenas uma pessoa para entrar comigo. Como gostaria que fosse o marido, me despedi e dispensei a Eliana naquele momento, para que ela também fosse para casa descansar, depois de tanta massagem e tanta paciência dispensada a mim durante um dia inteiro. Toda mulher merece uma doula.  Sério.


Na mesa de cirurgia, recebi ainda um último toque do Dr. Roberto, ao qual classificamos de “desencargo de consciência”. Adivinha? -1!!! Dra. Rafaela voltou à cena e fui devidamente anestesiada. Ali começava o primeiro dia do resto da minha vida. Morria a Glaucia e nascia a mãe.


Às 23h37 veio ao mundo o Francisco, de olhos bem abertos, com 3,600 kg e 53 cm. Chorou só porque era protocolo. Deu uns gritinhos e ficou foi prestando atenção à sua volta. Não sei se vocês acreditam nisso, mas quando o vi de olhão aberto, pensei logo: “é uma alma velha”. E comentei na mesma hora: “aí, Pecê, ele é a sua cara!”, no que toda a equipe olhou para ele e concordou: “é mesmo, pai, parece muito com você!”. Ele teve Apgar 8 no primeiro e 9 no quinto minuto. Trouxeram-no para mim, para eu cheirá-lo e conhecê-lo. Eu não estava de mãos amarradas, apenas o cansaço físico me impedia um contato melhor com ele. Cheirinho bom de neném, mesmo com mecônio!


O Pecê, agora papai, estava extremamente cansado e passando mal dentro do bloco. Falaram com ele que ele podia pegar o neném. Ele falou que estava com medo de quebrar o bebê! Coitado, entendo o cansaço, a ansiedade e a dor física que ele estava sentindo só de nos ver naquela situação. Mas ele foi lá e pegou, tirou foto com o meu e com o celular dele. Tirou selfie. Avisou todo mundo. Já era um papai feliz.


Avisaram-me que o líquido amniótico estava fétido. Aspiraram os pulmões do Francisco. Trouxeram a placenta para eu conhecer, do jeitinho que eu pedi no plano de parto! Comentei que o corpo humano era lindo, e a pediatra, Dra. Kamille, concordou bem comigo. Enquanto era suturada, adormeci. Dr. Roberto foi me acordar ao final, achando que eu estava passando mal, mas era só cansaço mesmo, até porque já era a hora natural de eu dormir. Nesse momento, a equipe quase inteira saiu do bloco correndo para acompanhar um parto de gêmeos de 24 semanas e ali quem ficou terminou os procedimentos de retirada da sonda vesical, me colocar na maca, vestir o Francisco e nos levar para a enfermaria.


Dispensei o marido para ele ir para casa dormir e minha mãe ficou comigo naquela noite. No dia seguinte, quase morri para levantar da cama e tomar um banho. Estava sangrando muito ainda. Não consegui dar o primeiro banho no Francisco, no que fomos auxiliadas por uma enfermeira muito simpática e solícita.


Tive dificuldade de amamentação. Nas primeiras 24 horas, nada de leite. Chorei de desespero achando que não ia conseguir alimentar o meu filho além de tudo o que já havíamos passado. Fui obrigada a ceder ao complemento, até que fui à sala de ordenha do hospital e me ensinaram a fazer a estimulação correta.


Bem, achei que ia embora para casa na sexta pela manhã, quando a Dra. Kamille passou na enfermaria e anunciou que tinha acabado de internar meu bebê, pois a PCR dele tinha dado alterada. Foram mais 11 longos dias no hospital: desta vez eu como acompanhante do Francisco, tendo que levantar, sentar, sair da cama, trocá-lo, tudo com a barriga ainda doendo muito. Fora a quantidade de gás que fica presa dentro de você. Dá até choque.


Para piorar, embora estivesse dando leite loucamente e muito feliz por poder amamentar, o teste da linguinha dele deu alterado. Ele mamava muito, se cansava rápido e não se fartava. O pouco xixi denunciava isso. A avaliação da Fga. Camila, minha contemporânea de faculdade inclusive, foi fundamental para o sucesso do aleitamento.  Aprendi que a amamentação deve ser prazerosa para ambos!


Foi constatado que ele tinha o frênulo da língua um pouquinho maior, a chamada "língua presa". Alguns casos têm indicação cirúrgica, como ele, que passou pela frenotomia, outros necessitam apenas de acompanhamento. Esse teste pode evitar desmame precoce - ele estava mastigando o meu mamilo, que ardia. São essas coisinhas, “inhas”, tá?, além da pega errada, que fazem mães morrendo de dor e mamilos rachados enquanto amamentam. Está errado. Os meus não racharam e não deram problema até hoje. Sobre o procedimento, é praticamente indolor e quase não sangra. O pediatra Dr. Felipe fez na enfermaria mesmo. E a criança já mama assim que o faz.


A recuperação da cirurgia tem sido pesada. Na semana da cesárea mesmo, não havia conseguido ir ao banheiro ainda. Na tentativa, vi estrelas, doía mais que a própria cirurgia, pois além de tudo, ardia. Deram-me óleo mineral, anti-inflamatório, dimeticona e uma injeção de cetoprofeno que, juro, vi não só estrela, mas a família inteira pela greta. É mais dolorida que a contração e a tentativa de ir ao banheiro, porque não só dói, como arde e queima. Mas consegui ir ao banheiro e há até uns 4 dias ainda estava dependendo do óleo mineral. Anestesia é punk, mano.


Voltei para casa e alguns pontos abriram. Fui ao hospital para retirá-los e voltei com uma receita de antibiótico e anti-inflamatório (de novo). Acabo de tomá-los amanhã. A cicatriz já parou de arder e já estou um pouco mais independente. Francisco faz hoje um mês. E permaneço com uma sensação inenarrável de missão cumprida, porque entrei de coração aberto naquele bloco cirúrgico. Minha cesárea foi necessária para que nossas vidas fossem salvas, e é isso o que eu digo o tempo todo: não sou contra a cirurgia, sou contra a banalização de um recurso que só deve ser usado em último caso. Não se acanhem de precisar de uma cesárea, mas sejam leoas se não precisarem. Não é fácil passar por uma cirurgia desse porte – eu já havia feito uma cirurgia abdominal anos atrás e já sabia que não seria nada fácil a recuperação.
Das mudanças no meu corpo, continuo ainda com a chamada “barriguinha de mamãe”. A pele ainda está escura e flácida na região do umbigo. Também percebi que houve mudança no ângulo da vagina, o que notei pelo novo posicionamento do absorvente na calcinha. Aliás, minhas calcinhas estão quase todas manchadas de sangue. Pensei em jogá-las fora, porém ontem, observando-as no varal, já não as vejo mais com nojo, mas como verdadeiros troféus de guerra.

NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog. O original pode ser acessado aqui: (http://mingau-gaaki.blogspot.com.br/2015/03/olhos-e-coracao-abertos_17.html);
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
Este, como todos os outros relatos da série QUANDO O INESPERADO ACONTECE, foram publicados com o intuito de estimular reflexões para situações incomuns mas possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;

Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
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