Enfim, o parto da Liz começou realmente no dia 1° de maio, dois dias antes dela nascer, sem eu nem ‘perceber’. Mas neste dia 1° à tarde, fui ao banheiro fazer xixi, e saiu um corrimento amarelo, espesso e gosmento. Mas como não senti nada de diferente, mantive tranquila e calada.
Na manhã do dia 2, novamente o corrimento saiu. Sem comentários e sem preocupação maior. Já estava com 38 semanas e ok. Neste dia, esperava a visita da amiga Núria, que depois de tanto tempo, deu certo dela vir nos visitar. Queixava sempre com ela de dores na coluna, no quadril e ela veio na intenção de fazer uma massagem em mim.
Este dia foi muito agradável, eu, Núria e Helena passamos o dia em casa, conversando e brincando. Somente a noite que a Núria conseguiu fazer a massagem que durou pelo menos 2 horas. Lembro de fazer uma oração para as bebês e por uma boa hora com a Liz, e durante a massagem lembro de sentir um calor diferente nos pés, o que era muito prazeroso pois o frio estava bem presente a noite. Quando terminamos nossa imersão, era umas 22h da noite, e decidimos que Núria iria dormir em casa e ir embora na manhã seguinte. Fomos jantar uma sopinha muito gostosa da minha mãe, e Helena estava bem tranquila e preparando pra dormir. E foi quando comecei a sentir as contrações. Inicialmente achei que eram contrações de treinamento, tanto que conversando com Núria expliquei o que eram.
Estava com 38 semanas, mas sentia que a Liz iria nascer no final desta semana, na lua nova. Continuei sentindo as contrações suaves ainda depois da janta, e decidi tomar um banho pra aliviar, mas não resolveu. Lembro de colocar Helena pra dormir, e deitada com ela na cama sentia o desconforto. Eu e Núria tentamos dormir. Passaram 10 minutos deitadas e vieram duas contrações. Começamos a achar que não eram mais de treinamento, era a Liz chegando!! Ficamos tranquilas o tempo todo. Eu já levantei e fiquei no quarto respirando e tentando levar numa boa as contrações, lembro de segurar na poltrona e agachar quando vinha a contração. As 23:30 liguei pro Lucas que estava tentando dormir (disse que estava muito agitado) que, disse que iria só tomar um banho e pegar estrada (de Linhares/ES). Depois liguei pra enfermeira Odete, que queria detalhes dos intervalos das contrações. Pediu pra falar com a Núria que começou a cronometrar e percebemos que estava de 4 em 4 minutos!! Odete já se preparava para vir pra casa, ligou para as outras enfermeiras Liliane e Vanessa, que conhecemos durante o pré-natal, e enquanto isso, acordei meus pais dizendo que Liz estava chegando! Eles se levantaram meio assustados, mas mantiveram a energia bem tranquila. Meu pai foi dormir no quarto do meu irmão. Eu já tinha todas as coisas prontas e fui dizendo a Nuria onde estavam: as velas, o óleo de massagem da Ju, as pétalas de rosas vermelhas na geladeira... Havia comprado tudo na semana anterior. Enquanto isso minha mãe começou a esquentar a água da banheira.
Fiquei no banheiro sentindo as contrações, mesmo na agua morna-fria. Detalhe que de madrugada já estava fazendo bem frio! Quando entrei no banheiro, vi o tanto que tava lindo!! Todo iluminado por velas, a banheira cheia de pétalas!! Quando entrei na água me senti melhor, mas já veio na minha mente “nossa, vou passar a madrugada inteira aqui dentro..aném!” . Nem imaginava que a bebecita já estava na movimentação forte pra vir ao mundo! Lembro de não querer ficar sozinha no banheiro, porque Nuria e mãe entravam e saiam do banheiro pra esquentar a água, seja no ebulidor, seja no fogão. Mas pedia aos prantos pra uma das duas ficarem comigo ali. Só estarem ali do meu lado. Me movia como conseguia dentro da banheira, e gemia sempre quando a contração vinha, cada vez mais intensa. Aiaiai...tá ruim...ahhhh.. Mesmo assim, recordo que não gritei! Só gemia muito, não sei se porque já sabia do processo, ou pra não acordar a Helena ou os vizinhos, ou sei lá, só sei que comecei a ficar preocupada porque a Odete não chegava! “cadê Odete???” era o que perguntava sempre. Quando Nuria disse que Odete já estava em casa, mas descarregando o carro das infinitas coisas que elas trazem, eu já comecei a sentir a Liz! Comecei a gritar a Odete!! Vemmm! Quando ela chegou e me viu ali escornada dentro da banheira, pedindo misericórdia e tudo que fosse possível, eu relaxei de alguma forma. Ufa! Ela mediu o batimento cardíaco fetal e tudo certo! Dae, passados uns 15 minutos a Liz nasceu!! Não senti o círculo de fogo na hora da passagem dela e nem fiz muita força.
Estimamos que foi as 2:40 da manhã, pois ninguém tinha relógio na hora. Mas igual com Helena, Liz apontou primeiro a cabeça e só na próxima contração, saiu o resto do corpo. Tanto que quando a cabeça apontou, Odete viu que o cordão estava envolto do pescoço, ela tentou tirar o cordão, mas disse ela depois que eu tirava a mão dela, não me recordo disso conscientemente. Mas fato que ela tirou o cordão do pescoço. Lembro da minha mãe agoniada de ver a neném dentro da água, pedindo pra Odete puxar a bebê. Mas o que ela fez foi acalma-la. E quando a Liz nasceu, Odete pegou ela e colocou no meu colo! Foi lindo ! Foi rápido! A água ainda estava tão quentinha nessa hora! E as outras enfermeiras Vanessa e Liliane nem tinham chegado! Meu pai estava la nesta hora também, e disse que Helena tinha acordado tomado mamadeira e dormido denovo! Que bom..! Mas dae veio o drama. A Liz não chorou! E não chorava... Eu falei com a Odete: “Ela não tá chorando..!” e ela respondeu: “tem bebês que não choram mesmo! Tudo bem!!”. Ficamos esperando ela reagir. Ae que a Odete pediu com convicção pra pegá-la. Odete pediu pra minha mãe a bomba de oxigênio, e ao mesmo tempo, começou a passar a mão no rostinho da Liz, estimulando a reação dela. E foi ae que a Liz respondeu, se mexendo. Mas mesmo assim não chorou! Protegemos ela do frio com uma fraldinha.
Saímos da banheira calmamente, eu com a Liz no colo, unidas ainda pelo cordão e pela placenta. A banheira já estava suja de sangue e depois que sentei com dificuldade na cama, sujei-a bastante de sangue. O quarto estava com uma luz bem fraquinha de um abajur. Lembro de sentir muito incomodo de ficar na cama, e acho que foi nessa hora que as enfermeiras chegaram! Ficaram surpresas de me verem carregando a Liz no colo, amamentando, e me parabenizaram muito felizes. Liguei pro Lucas: “Nasceu, amor!” “JÁ!!” Conversamos algumas coisas do processo do parto, que ela era linda, cabeluda e japa.
Depois, ficamos esperando a placenta nascer, e me sentia incomodada na cama. Pedi pra sentar no banquinho meia-lua e com a Liz nos meus braços, sentei. Pedi massagem e a Nuria linda começou a massagear minha lombar, que senti que foi o estímulo que precisava pra placenta nascer! Ela saiu caindo numa bacia no chão. Linda nossa placenta! Dae sentei na poltrona do quarto dos meus pais, eu com a Liz e a Vanessa do lado, carregando a bacia da placenta. Minha mãe cortou o cordão.
Lembro da Odete perguntar se eu gostaria de fazer a homeopatia da placenta e eu confirmei. Dae Liliane e Vanessa começaram esse trabalho parelelo de retirar o pedaço da placenta, pegar a garrafa de cachaça... Enquanto isso Liz na sua serenidade de bebê, deixava Odete medir seu corpo, fazer os primeiros exames etc, sem choro algum. Só observava tudo, calada. Vestimos ela, mamou e dormiu até de manhã.
Às cinco da manhã enfim, voltamos eu e Nuria pra cama, pra dormir. Pra mesma cama, as duas só que agora com a Liz no berço! Deus! Que magia!!! A algumas horas atrás ela estava na barriga. Com as luzes apagadas conversamos algo do tipo, “acho que não caiu a ficha ainda!” “Muita gratidão Nuria! Que bom que você está aqui do meu lado!”. Todo mundo dormiu la em casa mesmo. E que benção, porque por volta das 8h, a Liz acordou engasgando. Tentava vomitar e não conseguia. Fiquei assustada. Chamei Odete, que estavam todas tomando café. Ela veio e disse que a bebê engoliu resto de parto, e precisava fazer limpeza gástrica com uma sonda. Ela me acalmou, dizendo que era procedimento comum em pós-parto. Dito e feito, logo após a limpeza ela enfim soltou o grito! Que nada como um peito cheio de colostro para resolver!
Lucas chegou as 10h e estávamos todas no quarto. E logo depois que ele chegou Helena acordou, no seu recorde de sono!! Linda!
A partir de então, o sentimento de gratidão é o que mais me preenche. Gratidão a essa bebê linda e da paz que recebi. Gratidão ao Lucas e a Helena pelo amor e pelas vibrações que me ajudaram no parto. Aos meus pais por novamente cederem seu banheiro, sua cama, e me darem toda assistência durante o parto. A Núria pela doula maravilhosa que habita seu ser, e que se revelou em plena sintonia comigo e a Liz, durante todo o nosso processo, e até nas semanas seguintes. A vovó Odete pela presença e energia tão importante para mim, sem tu nem sei que seria de nós! As enfermeiras Liliane e Vanessa, que nos ajudaram muito no pós-parto, no processo árduo do inicio da amamentação! Gratidão a Mãe Terra por me dar a oportunidade de gerar vidas e de ser parte dessa natureza tão bela e sábia. Gratidão ao Pai Céu pelas bênçãos divinas e superiores que nos ajudam e mantem em plena sintonia com o Bem Maior.
NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog;
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
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