quinta-feira, 25 de junho de 2015

TERÇA CARNAVAL!!! DIA DE FOLIA - Relato do Parto Joana Jacques Lara 17 Fev 2015

Descobri minha gravidez com quase 3 meses eu tomava uma pílula que não menstruava Joana veio porque tinha que vir acredito nessas coisas... ela escolheu eu e o João para ser seus pais!!, Ao saber do ser que estava a caminho minha vida virou de ponta cabeça faltando um ano e meio para me formar na faculdade no Rio de Janeiro  voltei pra casa... estava sensível demais e ficar com meu amor e família era oq precisava chorei... chorei muito.... chorei mais..... e mais... e muito mesmo.... como assim EU Mãe??? 

Procurei ajuda  na roda da ong bem nascer,,,  indicação da minha amiga Camila  que teve sua Diana no hospital Sófia Feldman a seis anos atrás no quarto Leila Diniz.      

Chorei mais....  e fui chorando e buscando informações... na verdade a gravidez é algo bem solitário mesmo você não estando mais sozinha... irônico não...? Hoje entendo esse choro e sensibilidade como um cair de fichas... mas dentro de mim pensava só acredito Vendo...

Opção pelo parto humanizado foi o meu pânico por cirurgias e médicos com mascaras luzinhas no teto e anestesia... mas depois percebi e compreendi que esse parto estava para além disso...  era  um momento meu do meu companheiro se transformar para chegada da nossa filha...Era  traze-la ao mundo da forma mais respeitosa e com todo amor do mundoooo assim como ela foi concebida... Agradeço muito a roda pelo empoderamento meu do João e me apresentar o anjo Rosana. com quem fiz yogas.. meditações preparei meu períneo .. me acalmei e preparei para o grande dia...vamos ao dia.. ao dia mais lindo dolorido colorido e inesquecível da minha vida....
          


Dia 17 de Fevereiro de 2015 terça feira de carnaval seis da manha ou pouco antes.... acordo com cólicas  leves ligo a tv e vejo o desfile da São clemente meia hora depois  outra cólica.... dormi mesmo com esse encomodozinho... que foi se intensificando...12:00 Puta que pariu.... ficaram mais fortes resolvi ligar para Doula Rosana que disse para  ter paciência que  mais ou menos a 5:00 horas passava para me levar pro sofia... 5:00 ?? tranquilo quando contrações vinham uivava como uma loba chamado a lua  .... foram aumentando paulatinamente.... agoraaa já usava todas as vogais pra “uivar”  principalmente o AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAhhhhhh....CARARALHOOOO..... não conseguia nemmm falar..... que dor ... 17:00 a Doula chega..... vomito... já estou quase  num transe ... abraçã Joao!! MEEEEEEE AJUDAAAAAAAAAAA !!!!! PUTZ...... pra que fui inventarrrrrrrrr........... chegamos ao hospital sofia... não to entendendo nada só espero a próxima contração escuto que já tenho 4 cm de dilatação que vou direto pro quarto LEILA DINIZ... é só poderia ser ... seja forte.... porderosa....!! 19:00 CAAAAAAARALHOOO!!!  Não vai nascer?? Quero sair daqui agora chega to cansada!!!  Vc vai desistir??? Nãoooo vamoooo nessaaa ... João um guerreiro fazendo massagem abraçando .... eu queria dormir um poquinho ...depois continuo....to cansada AAAAAAAAAAAAAAAHhhhhh OUTRAAA PORRRAA... anda que adianta... vai pro chuveiro sai... anda... deita na cama levanta ...quero ir pra banheira.....
Preparam Banheira pra mim...  desisto de sentir dor.... chega por favor....não aguento mais...

EU -MAMÃEEEEE QUERO  MINHA MAMÂEEEE MAMÂE ME TIRAAA DAQUI!!!!!

Doula-  “mãe? Tá chamando sua mãe...a mãe agora é você....chama sua filha,,,,”

Eu- JOAAAAAÂOOOOO ME AJUDAAA FICA COMIGO!!!

-João Tô aqui..

Eu-  Falando serio não qqurooooo maisssssssssssssssssssssssssssssssssssss AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH CARALHOOOOOOOOO!!! PORRAAAA NÂO  QUE QUE ISSO GENTE PELO AMOR DE DEUS!!!!

Vinte pra onze sei la... nuuuuuuuuu já passou isso tudo.... vcs estão me enganando não tem neném aqui,,,, é cocô...

A cabeça já apontou quer colocar a mão pra sentir...

-NÂAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOOO JOAAAAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOOO!!!!! JOAOOOOOOOOOO!!!!!!! JOAAAAAAAAAAAOOOOOOOOOO!!!

João – Oi... to aqui....

Doula- fica sentada vai nascer na água...

Eu- não to dando conta vou levantar, vontade que tive foi de subir, subir na banheira subir no teto, aiiiiiii ta vindooooo ta vindooooo....  levantei.... ela escorreu  .....23:17  nasceu.... nasceu.... meu deussssssss.... sou mãe.......  tenho uma família.... Joana minha filha..... como bom ter vc assim pertinho. Que etezinho lindo..... consegui... eu joana e joao na banheira... que lindo... tudo valeu a pena....  sou mamãe gorila... pego minha cria ela mama.... sim nasceu mamando... papai corta o cordão... papai separa filha da mãe ...

        

E foi assim.... depois desse parto senti que tudo foi natural... carregar, dar um banho. Enfim, todos os  cuidados que nosso  bb precisava.... João curou o umbigo de forma esplendida, com esse parto sinto que nasceu uma família de amor... nascemos nós 3 !!!  eu a mamãe Gorila!! só amor instinto poder Animal sou uma Mãe FEROZ  Tenho orgulho de mim mesma!!!!!!!!!!




Obs: Parto humanizado não é apenas o natural... eu e João combinamos, vamos tentar, se por acaso tiver nos 10% da cesariana, assim será.... e vai vir com muuitto amor.... mas fomos abençoados e veio como a gente queria e imaginou...   

NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog. O original pode ser acessado aqui: (http://ilhamariana.blogspot.com.br/2015/06/relato-do-parto-joana-jacques-lara-17.html?m=1 );
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;
Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
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quarta-feira, 18 de março de 2015

QUANDO O INESPERADO ACONTECE - Olhos e coração abertos


Fiz um plano de parto todo bonitinho e, assim como o partograma, ele saiu todo da curva. E é justamente isso que o torna bacana: tudo na minha vida nunca foi no padrão mesmo, acredito que com meu filho não seria diferente.
Tudo começou na terça, dia 10/02. Vi que o tampão havia saído. Estava com 40 semanas e 2 dias de gestação e aguardei então o início do trabalho de parto espontâneo. Na quarta, quinta e sexta o tampão continuou saindo, e ainda na sexta, 13, comecei a ter contrações. Começaram às 5 da manhã. Pensei: hoje vai! E foram ficando fortes e de 3 em 3 minutos. Fui para a maternidade.


Chegando lá, umas 17 horas, as contrações haviam parado e fui submetida a exames de praxe. Algumas enfermeiras disseram que eu deveria ser internada para fazer a indução naquele momento. Não havia levado nada para o hospital, estava despreparada e, se meu marido saísse para buscar qualquer coisa em casa, eu ficaria sozinha, porque moramos bem longe do hospital. De verdade? Arreguei. Saí de lá, não quis ser internada e voltei para casa.


No sábado não senti nada. No domingo, as contrações voltaram no mesmo esquema de sexta. Fui para a casa da Eliana, minha doula, que fez alguns exercícios comigo para ajudar na dilatação. No último exame de toque que havia feito na sexta já estava com 4 cm. Era um indicativo de que estava correndo tudo fisiologicamente bem. Pausa: outro dia comentei que para parir você não precisa de uma vagina, mas sim de joelhos íntegros. Você agacha, anda de pato, abaixa para pegar algo, já que a barriga não te deixa dobrar no meio. E haja joelhos para executar toda a série proposta pela Eliana! Bom, mas aí lá pelas 13 horas, as contrações simplesmente pararam. Voltei para casa mais uma vez.


Na segunda, dia 16, de novo não senti nada. Nada mesmo. Nem mesmo movimentos fetais. Aí fiquei preocupada. Desta vez me muni de coragem e fui de novo para a maternidade, preparada já para ficar. Passamos na casa da Eliana para buscá-la e seguimos para o Sofia Feldman.


Fui internada às 17 horas. Parece que a mudança de ambiente me fez bem. Ao entrar na sala do pré-parto, comecei a sentir contrações novamente e os movimentos do bebê. Marcaram meu nome no quadrinho e começaram a me monitorar. Meu marido, Paulo César, revezava com a doula, para que eles pudessem comer e descansar. Quem passou aquela noite comigo no hospital foi ele.


Até às 10 horas da terça senti contrações. Inclusive dormindo tive. Sonhava com elas. Porém, quando acordei de verdade, elas simplesmente pararam. Aí pedi a primeira intervenção: descolamento de membranas. A enfermeira fez tão direitinho e foi tão cuidadosa que não senti a dor absurda que imaginei que ia sentir. Suspeitei estar com a bolsa rota, pois o tampão que havia começado a sair na semana anterior agora vinha com uns gruminhos verde-escuro, que percebi ao sentar na cama. Mecônio. Ah, meu Deus...


Pedia a todo instante uns pensos, esses pedacinhos de pano para colocar na calcinha, enquanto sentia as contrações. Todo o momento que a doula estava comigo ela me lembrava de fazer agachamento para ajudar na dilatação. Minha bexiga devia estar com uma capacidade de no máximo uns 40 mL, porque além de fazer xixi toda vez que agachava, até doía pelo peso do bebê. Cheguei a dizer que estava a fim de fazer um litro de xixi, que não aguentava mais ficar fazendo de pouquinho em pouquinho. Evoluí para 5-6 cm até as 13 horas.


Nesse momento, foi feita a segunda intervenção: ligaram a ocitocina em mim. Meu colo já estava favorável, então era só um empurrãozinho mesmo. As contrações estavam suportáveis. Eram nível piriri. Só que nem bem se passaram dez minutos de ocitocina, tive uma cólica de rim brava. Pedi socorro pelo amor de Deus. Acharam que eu estava confundindo contrações uterinas refletidas por todo o abdome com o meu rim. A Eliana mesmo me disse que eu tenho uma consciência corporal muito boa, que sei dizer com exatidão o que dói e em qual escala. Pois bem, me examinaram e ligaram o Buscopan no soro também. O alívio foi quase imediato: realmente tive uma cólica de rim, e sim, ela dói mais que as contrações uterinas.


Lá pelas 15 horas resolveram ligar um aparelho de cardiotocografia em mim. Contavam que a minha idade gestacional era de 42 semanas e 2 dias (mas para mim ainda continuam sendo 41+2, e não tem quem me demova disto!), e que por isso tal monitoramento era necessário. A essas alturas, meu coração de mãe já começou a pensar que o desfecho não poderia ser aquele que sonhei. Para começar, tinha pensado em parir na água, num dia de sol, com a luz vindo do meu lado esquerdo. Só pela idade gestacional já não pude ir para a banheira, aí o negócio desandou, embora tivesse acesso a tudo o que precisaria, mas usei mesmo só o chuveiro.


Às 17 horas me levaram para a sala de parto. A luz vinha do meu lado esquerdo, como imaginei. Desta vez o Paulo César e a Eliana puderam ficar junto comigo ao mesmo tempo. Ligaram de novo a cardiotoco em mim. Batimentos cardíacos do feto não eram tranquilizadores. As contrações estavam mais fortes, vindo de 3 em 3 minutos, nível piriri mais agressivo. Romperam minha bolsa e saiu pouquíssimo líquido, oligrodrâmnio já indicado no ultrassom que havia feito com 39 semanas. E nada de o trabalho de parto engrenar. Estava deitada sobre meu lado esquerdo e a posição me incomodando demais.
Às 19 horas as contrações atingiram um nível de dor insuportável. A cólica de rim ficou bem para trás. Parecia que tinham dois ganchos, um de cada lado do osso da bacia, que eram tracionados, me rasgando no meio. A dor começava no púbis e se espalhava pelas laterais do osso. Ao mesmo tempo, sentia o bebê batendo no púbis e voltando. Pedi analgesia.



Antes de ir para o biombo da analgesia, conversei com o Dr. Roberto, que estava de plantão naquela noite, e já mandei a real: como escrevi no plano de parto que estava disposta a encarar uma cesárea se fosse necessária, que ele preparasse tudo caso após o efeito da analgesia passar eu ainda não tivesse parido. Muito solícito, esclareceu todas as dúvidas, fez um toque, e a posição do bebê sempre dava -1 em relação à espinha isquiática, e saiu. Eu queria um parto normal, mas não a qualquer custo. E não me perdoaria se acontecesse qualquer coisa com meu bebê.


Fui para o biombo e cheguei lá vomitando, de tanta dor. Minha pressão, que até então estava nos 11 x 8, foi a 15 x 10 (altaaa...!), que vi no monitor. Alguém foi lá limpar a bagunça que eu havia feito e logo a Dra. Rafaela resolveu meu problema. Alívio imediato, voltei para a sala de parto. Desta vez tudo escuro, as luzes apagadas, só a do banheiro, que estava de frente pra mim, acesa. Fiquei na banqueta de parto com a cardiotoco ligada outra vez. Pedi para baixarem o volume, porque o barulho estava me estressando. Fui monitorando as contrações e fazia força toda vez que o número verdinho ia lá nas tampas.


Sentia a vagina arder. Colocava a mão embaixo para ver se sentia a cabeça do meu filho descendo. Nada. A enfermeira que me acompanhava, Graziele, até me perguntou o que eu estava sentindo, para tentar me ajudar. Iluminava o ambiente com a tela do celular – confesso que essa iluminação estava até agradável, porque tudo escuro também era muito estranho. Colocaram oxigênio em mim. Ela fez toque, e a posição do bebê continuava sempre em -1 em relação à espinha isquiática. A dilatação já estava em 7-8 cm. O índice de Bishop para mim dava 9 no momento da admissão, o que contava como bastante favorável à indução, nem lembrei de perguntar nesse momento, que deveria estar ainda bem mais alto. Fiei-me nisso.


Quase 22 horas, o efeito da analgesia passou. Já estava totalmente dilatada. Voltei a sentir as contrações e pedi pelo amor de Deus para desligarem aquela ocitocina de mim e saí arrancando as correias da cardiotoco. Já lá no fundo eu sabia que seria cesárea. O Dr. Roberto entrou na sala, fez toque novamente e, adivinha! Não saímos do -1! Ele me informou que se tratava de uma parada de progressão e que era indicação real e necessária de cirurgia. Lembro de ter falado: “salva a gente então, Roberto!”. Ele foi muito bacana e explicou que tentaram ao máximo seguir tudo o que estava no meu plano de parto, mas tem coisas que não estão na nossa mão. Como já havia voltado a sentir as contrações, ele explicou mais algumas coisas que não me lembro bem, mas sei que aceitei a “derrocada” de bom grado.


Baixei a cabeça na cama, rezei um Pai-Nosso e uma Ave-Maria e pedi a Deus que nos protegesse. Contemplava o céu limpo, estrelado, mas eu não me perguntava se eu merecia aquilo. Logo eu, defensora do parto normal! Mas não, apenas aceitava porque sabia que seria assim, não me pergunte como, não me pergunte por quê. Morria de dor, mas por dentro eu estava em paz com aquilo.


Fui para o chuveiro e a Eliana chamou a minha mãe, que estava desde as 18 horas lá fora. Abracei e beijei ela, chorei de cansaço. Reclamei que não consegui parir, mas o Paulo César me abraçou e falou que eu fui guerreira demais, que ele não aguentaria duas horas o que eu aguentei dois dias. Que eu fui brava, acreditando na causa que eu defendia. Isso me deu ainda mais forças para encarar a cirurgia.


Ainda fiquei uma hora sentindo contrações sem a ocitocina. Eram ainda fortes, mas não no nível das de 19 horas. Vocalizava a cada contração e conseguia desenhar com a voz a onda de dor que sentia. Não gritei, eram gemidos altos. O Dr. Roberto me falou que iam preparar o bloco cirúrgico e que logo voltaria para me buscar (isso foi o que ele me contou. Porque para o Paulo César ele falou a verdade: disse que me deixaria mais uma hora sem a analgesia para ver se eu poderia progredir no trabalho de parto).


Antes de entrar no bloco cirúrgico, me falaram que eu tinha que escolher apenas uma pessoa para entrar comigo. Como gostaria que fosse o marido, me despedi e dispensei a Eliana naquele momento, para que ela também fosse para casa descansar, depois de tanta massagem e tanta paciência dispensada a mim durante um dia inteiro. Toda mulher merece uma doula.  Sério.


Na mesa de cirurgia, recebi ainda um último toque do Dr. Roberto, ao qual classificamos de “desencargo de consciência”. Adivinha? -1!!! Dra. Rafaela voltou à cena e fui devidamente anestesiada. Ali começava o primeiro dia do resto da minha vida. Morria a Glaucia e nascia a mãe.


Às 23h37 veio ao mundo o Francisco, de olhos bem abertos, com 3,600 kg e 53 cm. Chorou só porque era protocolo. Deu uns gritinhos e ficou foi prestando atenção à sua volta. Não sei se vocês acreditam nisso, mas quando o vi de olhão aberto, pensei logo: “é uma alma velha”. E comentei na mesma hora: “aí, Pecê, ele é a sua cara!”, no que toda a equipe olhou para ele e concordou: “é mesmo, pai, parece muito com você!”. Ele teve Apgar 8 no primeiro e 9 no quinto minuto. Trouxeram-no para mim, para eu cheirá-lo e conhecê-lo. Eu não estava de mãos amarradas, apenas o cansaço físico me impedia um contato melhor com ele. Cheirinho bom de neném, mesmo com mecônio!


O Pecê, agora papai, estava extremamente cansado e passando mal dentro do bloco. Falaram com ele que ele podia pegar o neném. Ele falou que estava com medo de quebrar o bebê! Coitado, entendo o cansaço, a ansiedade e a dor física que ele estava sentindo só de nos ver naquela situação. Mas ele foi lá e pegou, tirou foto com o meu e com o celular dele. Tirou selfie. Avisou todo mundo. Já era um papai feliz.


Avisaram-me que o líquido amniótico estava fétido. Aspiraram os pulmões do Francisco. Trouxeram a placenta para eu conhecer, do jeitinho que eu pedi no plano de parto! Comentei que o corpo humano era lindo, e a pediatra, Dra. Kamille, concordou bem comigo. Enquanto era suturada, adormeci. Dr. Roberto foi me acordar ao final, achando que eu estava passando mal, mas era só cansaço mesmo, até porque já era a hora natural de eu dormir. Nesse momento, a equipe quase inteira saiu do bloco correndo para acompanhar um parto de gêmeos de 24 semanas e ali quem ficou terminou os procedimentos de retirada da sonda vesical, me colocar na maca, vestir o Francisco e nos levar para a enfermaria.


Dispensei o marido para ele ir para casa dormir e minha mãe ficou comigo naquela noite. No dia seguinte, quase morri para levantar da cama e tomar um banho. Estava sangrando muito ainda. Não consegui dar o primeiro banho no Francisco, no que fomos auxiliadas por uma enfermeira muito simpática e solícita.


Tive dificuldade de amamentação. Nas primeiras 24 horas, nada de leite. Chorei de desespero achando que não ia conseguir alimentar o meu filho além de tudo o que já havíamos passado. Fui obrigada a ceder ao complemento, até que fui à sala de ordenha do hospital e me ensinaram a fazer a estimulação correta.


Bem, achei que ia embora para casa na sexta pela manhã, quando a Dra. Kamille passou na enfermaria e anunciou que tinha acabado de internar meu bebê, pois a PCR dele tinha dado alterada. Foram mais 11 longos dias no hospital: desta vez eu como acompanhante do Francisco, tendo que levantar, sentar, sair da cama, trocá-lo, tudo com a barriga ainda doendo muito. Fora a quantidade de gás que fica presa dentro de você. Dá até choque.


Para piorar, embora estivesse dando leite loucamente e muito feliz por poder amamentar, o teste da linguinha dele deu alterado. Ele mamava muito, se cansava rápido e não se fartava. O pouco xixi denunciava isso. A avaliação da Fga. Camila, minha contemporânea de faculdade inclusive, foi fundamental para o sucesso do aleitamento.  Aprendi que a amamentação deve ser prazerosa para ambos!


Foi constatado que ele tinha o frênulo da língua um pouquinho maior, a chamada "língua presa". Alguns casos têm indicação cirúrgica, como ele, que passou pela frenotomia, outros necessitam apenas de acompanhamento. Esse teste pode evitar desmame precoce - ele estava mastigando o meu mamilo, que ardia. São essas coisinhas, “inhas”, tá?, além da pega errada, que fazem mães morrendo de dor e mamilos rachados enquanto amamentam. Está errado. Os meus não racharam e não deram problema até hoje. Sobre o procedimento, é praticamente indolor e quase não sangra. O pediatra Dr. Felipe fez na enfermaria mesmo. E a criança já mama assim que o faz.


A recuperação da cirurgia tem sido pesada. Na semana da cesárea mesmo, não havia conseguido ir ao banheiro ainda. Na tentativa, vi estrelas, doía mais que a própria cirurgia, pois além de tudo, ardia. Deram-me óleo mineral, anti-inflamatório, dimeticona e uma injeção de cetoprofeno que, juro, vi não só estrela, mas a família inteira pela greta. É mais dolorida que a contração e a tentativa de ir ao banheiro, porque não só dói, como arde e queima. Mas consegui ir ao banheiro e há até uns 4 dias ainda estava dependendo do óleo mineral. Anestesia é punk, mano.


Voltei para casa e alguns pontos abriram. Fui ao hospital para retirá-los e voltei com uma receita de antibiótico e anti-inflamatório (de novo). Acabo de tomá-los amanhã. A cicatriz já parou de arder e já estou um pouco mais independente. Francisco faz hoje um mês. E permaneço com uma sensação inenarrável de missão cumprida, porque entrei de coração aberto naquele bloco cirúrgico. Minha cesárea foi necessária para que nossas vidas fossem salvas, e é isso o que eu digo o tempo todo: não sou contra a cirurgia, sou contra a banalização de um recurso que só deve ser usado em último caso. Não se acanhem de precisar de uma cesárea, mas sejam leoas se não precisarem. Não é fácil passar por uma cirurgia desse porte – eu já havia feito uma cirurgia abdominal anos atrás e já sabia que não seria nada fácil a recuperação.
Das mudanças no meu corpo, continuo ainda com a chamada “barriguinha de mamãe”. A pele ainda está escura e flácida na região do umbigo. Também percebi que houve mudança no ângulo da vagina, o que notei pelo novo posicionamento do absorvente na calcinha. Aliás, minhas calcinhas estão quase todas manchadas de sangue. Pensei em jogá-las fora, porém ontem, observando-as no varal, já não as vejo mais com nojo, mas como verdadeiros troféus de guerra.

NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog. O original pode ser acessado aqui: (http://mingau-gaaki.blogspot.com.br/2015/03/olhos-e-coracao-abertos_17.html);
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
Este, como todos os outros relatos da série QUANDO O INESPERADO ACONTECE, foram publicados com o intuito de estimular reflexões para situações incomuns mas possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;

Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
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sexta-feira, 13 de março de 2015

QUANDO O INESPERADO ACONTECE - Relato de VBA2C com óbito neonatal precoce

Vou fazer um relato bem resumido das minhas cesárias, para vocês entenderem o pq eu tanto queria um parto normal, não era capricho era a lógica.
Eu tinha 16 anos quando fui para a cirurgia retirar meu filho da barriga, estava de 38 +6. Cheguei no hospital e meu médico foi me ver, disse que ainda não estava na hora e me colocou no soro para aliviar a dor e voltou para o hospital que ele estava de plantão, a plantonista vinha me ver toda hora, e depois de 6 horas no hospital a plantonista veio e diagnosticou através de um exame de toque (parece até piada) que meu filho entraria em sofrimento e disse que eu tinha que fazer cesária, eu aceitei.
Já no CC me deram a Peridural e não me explicaram como seria, eu achava que não sentiria nada, mas eu só não senti dor, de resto senti todos os procedimentos até eu surtar. Minha pressão foi a 21/18, EU QUASE MORRI, eu só pude olhar pela primeira vez o meu filho 12 horas depois que ele nasceu e só pude pegar e ficar com ele 18 horas depois que ele nasceu.
A segunda cesária foi indicada pq eu passei por um estresse com 34 semanas e tive uma elevação de pressão, aí o Dr disse que tínhamos que fazer cesária logo pq o que aconteceu na primeira poderia se repetir.
A cirurgia foi um desespero total, eu queria que dessem calmante, eu estava com medo de morrer, mas não podia. Eu passei a cirurgia inteira falando com o anestesista, falando do meu medo, e o médico pedindo para eu parar de falar, mas não dava. Minha filha nasceu e eu tive que ficar gritando para deixarem ver, ela nasceu com 36 semanas e estava muito bem, eu tinha medo de morrer e precisava ver minha filha. Aí me deram o calmante direto na veia e eu cochilei e logo acordei, o Dr ainda estava limpando meu útero e eu voltei a falar e só parei quando fui para o quarto com a minha filha.
Nas duas não me deixaram ter acompanhante.


AGORA EU CARREGO COMIGO 2 TRAUMAS A SEREM SUPERADOS.

VBA2C - Chegamos as 37 semanas, nossa que ansiedade!!!
Quase todos os dias o D. encostava na minha barriga e falava:
   - E aí filhão!? Como é que é? Ta na hora de nascer!
Com 38 semanas comecei a senti os pródromos mais intensos.
Depois das 39 semanas o D. às vezes ficava tão ansioso, que me perguntava pq eu não tinha escolhido a cesária, eu nem respondia, ele sempre soube do meu trauma com cesária. Já perto das 40 semanas, vira e mexe ele me escutava conversando com o A. para ele vir logo e ele falava para eu deixar ele vir na hora que ele quisesse.
Completei 40 semanas dia 15/02, a expectativa era que ele nascesse na virada de lua do dia 18/02 mas ainda não estava na hora. No mesmo dia tive a consulta da EO, eu estava com medo de esperar e isso me atormentava, contei para EO de uma reportagem que vi de uma mãe que perdeu seu bb com 41 semanas, nasceu morto e tal e ela disse que depois das 41 semanas tinha um risco maior, eu que já tinha lido sobre isso fui ler de novo, pesquisei muito e vi que depois das 41 semanas o risco de mecônio era maior mas a probabilidade de algo desandar era mínimo, era mais fácil meu útero romper. Mas mesmo assim eu estava me questionando se devia esperar, a EO deu a opção de irmos em uma GO fazer o descolamento de membrana, meu colo estava mole mais estava muito posterior, eu aceitei.
Dia 19/02, 40+4, o D. me ligou, me disse que as pessoas estavam preocupadas e que ele também estava ficando, falei para ele ficar tranquilo que tudo ia dar certo e falei de alguns nascimentos beirando e até passando das 42 semanas, mas quando eu desliguei o telefone me bateu um desespero e eu comecei a chorar, eu queria ir para o hospital, mas eu sabia que a hora que chegasse eles me internariam por causa das 2 cesárias anteriores, minha mãe resolveu me ligar bem naquele momento que eu não conseguia parar de chorar, eu tinha medo do meu filho não querer nascer, de acontecer alguma coisa e ela me acalmou, falou para eu parar de pensar assim, aí logo em seguida o D. ligou de novo, e eu ainda chorava e ele pediu para manter a calma, afinal íamos fazer o descolamento no dia 20/02.
Eu pensei várias vezes em superar meu medo, meu trauma e ir para a cirurgia, mas por outro lado eu tinha uma confiança tão grande que tudo daria certo, que eu não conseguia me ver em uma mesa de cirurgia.
Dia 20/02, por volta de meio-dia o descolamento foi feito, sai do consultório com algumas contrações e cólicas, mas tudo bem fraco. Eu rezei pro meu filho nascer naquela noite, eu me imaginava indo buscar meus filhos no aeroporto com o A. no sling, bem grudadinho em mim, mas as contrações não evoluíram. Dia 21/02, eu acordei cedo, ansiosa pq meus filhos chegariam das férias naquela tarde, comecei a limpar a casa as 7 horas, quando o D. chegou a  casa estava limpa, a comida pronta e eu já estava pronta para buscar as crianças, avisei a ele que as contrações estavam mais doloridas, mas estavam tão espaçadas que eu preferi ir com ele no aeroporto, saímos de casa as 15:20, o aeroporto é em outro município então fomos de ônibus, quando foi 18 horas eu falei para o D. que as contrações estavam ficando próximas, a gente estava chegando no aeroporto, ele não me deu muita atenção, eu vivia com contrações mas eu sabia que elas estavam diferentes,


na volta do aeroporto elas foram ficando cada vez mais próximas, e sempre que elas viam eu dava um jeito de rebola no banco, eu já estava ficando desesperada no ônibus descemos e pegamos um táxi até chegar em casa, avisei a equipe assim que eu cheguei em casa e comecei a marcar, eu estava com medo delas pararem como sempre acontecia, meia-noite a EO chegou e logo depois chegou a doula e mais para a madrugada chegou a fotógrafa. Eu estava vivendo um sonho, as crianças foram dormi, o D. montou a piscina junto com a EO e já deixaram cheia. Passei a madrugada em pródromos bem tensos e não ritmavam, eu precisava dormir, meu olho fechava sozinho, então a EO falou para eu tentar dormir um pouco, o D. deitou comigo e dormiu e eu cochilava e acordava a cada contração esmagando a mão dele, de repente as contrações aumentaram e eu levantei, acho que elas estavam de 4 em 4 minutos, com duração de 50 seg, que alegria, entramos em TP ativo as 6 horas do dia 22/02, devia ser umas 6:20 quando o A. teve a primeira queda nos batimentos, a  EO pediu para eu deitar novamente virada para o lado esquerdo, talvez fosse o meu cansaço que estivesse fazendo isso, 15 minutos depois ela veio escutar e estava a 80/89 bpm, e ela disse que talvez teríamos que ir para o hospital, nesse momento eu fiquei nervosa mas tentei me manter calma, depois de 15 minutos ela ouviu de novo e disse que estava normal e não precisaríamos ir para o hospital naquele momento, mais 15 minutos e o coração se manteve normal, o D. acompanhando tudo, perguntou se era normal e a EO disse que estava tudo dentro do normal que poderíamos ficar tranquilos, me levantei e fui para o chuveiro, do chuveiro para a Bola e depois fui para piscina, que alívio, relaxa tanto que ali entre as contrações parecia que eu entrava em sono profundo, quando era entre 09/10 horas a bolsa rompeu ( depois que a bolsa rompeu o A. acho que mexeu umas 4/5 vezes e foi mexidas leves), eu estava na piscina, e meu corpo já fazia força bem fraquinha mas fazia, meu colo ainda estava posterior e com 3 de dilatação, mas nem me preocupei com isso, eu nem estava sentindo a dor que eu tanto me preparei para sentir, eu falava que elas estavam muito fracas, que se fosse daquele jeito seria moleza.
Lá pelas 13 horas e comecei a tomar algumas gotinhas de pulsatila (é um floral que ajuda a estimular o útero).
Entre 16/17 horas a Dra que fez o descolamento veio aqui em casa me ver e puxou de 3 para 5 de dilatação e foi conversar com a EO, depois que a Dra foi embora eu senti uma certa tensão, parecia que as coisas tinham que andar o mais rápido possível.
Depois que a Dra deu o toque, coisa de uns 20 minutos eu já estava com 7, esse momento as dores começaram a doer de verdade, quando as contrações vinham eu automaticamente gritava, lembro de ter falado para a doula que eu não ia aguentar e ela me lembrou da fase da negação, eu estava nessa fase, eu não conseguia andar, doía demais o meu quadril, eu queria entrar na piscina mas não me deixavam pq desacelerava o TP, então continuei no chuveiro com uma bola pequenininha, mas meus joelhos já estavam pedindo arrego. Não me lembro do meu filho ser escutado enquanto eu estava no chuveiro, lembro que eu falava para o D. que queria ir para o hospital mais que eu não ia conseguir daquele jeito, com muita insistência eu consegui entrar na piscina, mas se desacelerasse as contrações em 20 minutos eu teria que sair e tomar um óleo que é laxante e que eu não queria tomar. Entrei na banheira, foi imediato, as contrações que estavam vindo uma em cima da outra deram um intervalo de 5 minutos e nesse momento a EO veio escutar o A. e os batimentos estavam a 50 bpm, ela mandou eu deitar e foi difícil ela conseguir escutar e quando conseguiu ele se mantinha 50, então o desespero começou, ligaram para o SAMU, e enquanto o SAMU não chegava eu pedia toda hr para escutar os batimentos do A., continuavam baixos e eu pedi o oxigênio, de manhã tinha dado certo poderia dar certo de novo, até o SAMU chegar  os batimentos aumentaram, lembro que escutei bem rapidinho e EO disse feliz que tinha voltado ao normal, que ia dar tudo certo mais que não daria mais para ficar em casa e eu concordei pois naquele momento eu não tinha mais segurança nem confiança para ficar em casa, a única coisa que eu queria era chegar logo no hospital, eu sai de casa rezando para me levarem para a cirurgia para poderem salvar a vida do meu filho.
Na ambulância não escutaram o coração do meu filho e eu pedi o oxigênio para ajudar a mantê-lo, mas não me lembro se me deram, na ambulância eu estava de 8/9 e os gritos estavam desesperadores, cadê vez mais alto, mas eu não sentia mais dor, os gritos vinham junto com a força do corpo, era algo incontrolável. Chegamos no hospital, fui para sala de admissão, 10 de dilatação e nada dos batimentos, eu não conseguia pensar, me levaram direto para sala de parto, eu chamei o D. e uma das médicas falou para ele ir fazer a ficha que ele entraria depois, mas eu acho que não queriam que ele entrasse pq era uma emergência, meu filho precisava nascer rápido. Na sala de parto eu vi uma tesoura na mão da médica que estava bem de frente para mim e eu gritei desesperadamente, não me corta, acho que repeti umas 3/4 vezes, eu estava sozinha, minha doula não foi comigo eu não sabia quais eram as atitudes de emergência então eu questionei até onde eu pude. A médica falou para eu manter a calma que ninguém ia me cortar, e nisso as contrações não deram mais espaço, e eu tentava não gritar, mas era impossível, e de repente eu sinto algo dentro de mim, que estava doendo e me impedia de fazer força, era a mão da GO analisando como o A. estava, e eu mandava ela tirar a mão pq com a mão lá eu não conseguia, gritei bem alto que aquilo era V.O. e nisso já vi o ferro do fórceps e de novo comecei a grita dizendo que não iam enfiar aquilo em mim, e nisso desde a hora que eu falei que era VO (foi tudo bem rápido), ela tirou a mão de dentro de mim novamente e disse com carinho, isso não é VO, seu filho precisa nascer o mais rápido possível, e eu me calei e parei de pensar que eu não ia conseguir daquela maneira. Dra perguntou pq eu gritava e eu só respondi que eu não sabia, ela falou para eu morder o lençol que eu conseguiria forças ao invés de gritar, e deu certo, a Dra falou ele está vindo, faça uma força bem cumprida que ele vai nascer, e assim foi, ele nasceu com a ajuda de um dos fórceps, mas nasceu sem reação, ele nasceu todo molinho, verde, cheio de grumos colado pelo corpinho, foi uma correria só. Quando o D. chegou na sala estava começando a me suturar, tive umas 3/4 lacerações que levaram 1/2 pontos cada, e o A. estava na salinha, e eu falei para o D. que ele não estava bem, mas o D. é uma pessoa super positiva e a confiança dele me fez acreditar que realmente o A. sairia dessa. Nos levaram para a sala de cirurgia, onde logo depois veio uma pediatra conversar com a gente e ela explicou que o A. passou um bom tempo no mecônio e aspirou muito mecônio, disse que o pulmão e tudo quanto era lugar que podia ter mecônio tinha e ele não resistiu, voltou por 25 minutos e se foi para sempre. Ficaram com ele cerca de 1 hora ou mais um pouquinho e nada pôde ser feito para trazer nosso filho amado e tão desejado.
Meu anjinho nasceu no SUS, com 3015 kg, 22/02 as 20:16, com menos de 20 minutos de atendimento até o nascimento..
Parto acompanhado pelo Empodera- Curitiba
EO- Deise Basquera

Por Karina Vieira




NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê;
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
Este, como todos os outros relatos da série QUANDO O INESPERADO ACONTECE, foram publicados com o intuito de estimular reflexões para situações incomuns mas possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;


Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
* os relatos enviados devem contar a SUA experiência. Fotos e textos enviados poderão ser publicados sem aviso prévio.



quinta-feira, 12 de março de 2015

DIVIDA SUA HISTÓRIA COM A GENTE

Nas próximas semanas, teremos uma série de relatos no blog DOULAR intituladas QUANDO O INESPERADO ACONTECE.
Serão textos escritos por pessoas que se viram em situações completamente inesperadas, seja no planejamento familiar, gestação, parto ou amamentação.
O objetivo é dividir a sua história, desafios e aprendizagem; e ajudar outras famílias a se prepararem psicologicamente para situações que fogem do comum.
Se você tem uma história e quer dividir com a gente, envie seu relato para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br


"O esperado nos mantém fortes, firmes e em pé. O inesperado nos torna frágeis e propõe recomeços." Machado de Assis

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

NASCIMENTO DO RAUL POR SUA MÃE

Esse é meu relato de VBAC natural hospitalar com 42+5.

“Ninguém entra no mesmo rio uma segunda vez, pois quando isto acontece já não se é mais o mesmo. Assim como as águas que já serão outras” (Heráclito)

Dois anos atrás tive uma cirurgia sem indicação real.
Na tida última consulta de pré-natal, o então "Médico" que me acompanhava, realizou o descolamento de membranas, sem minha autorização e conhecimento.. Fui levada pra uma cirurgia desnecessária, chorando e pedindo pra que respeitassem minha tentativa de ter um parto "normal." Durante o tp, passei por intervenções desnecessárias: Vários exames de toque, feito por plantonistaS, soro, ruptura artificial da bolsa, esse me dói de lembrar, sem meu conhecimento, sem meu consentimento e feito com uma enfermeira me segurando enquanto eu gritava de dor e medo. A Médica conseguiu romper minha bolsa após a terceira tentativa. Fui privada de me alimentar de andar e etc.

Passei 22hs sofrendo (Sim, tudo isso foi sofrimento, esse tratamento foi sofrimento) fui avaliada e o médico constatou que eu estava com 8cm de dilatação, mas que já estava a bastante tempo em tp e ele não queria mais esperar, sim ELE, O MÉDICO NÃO QUERIA ESPERAR! ELE ERA O PROTAGONISTA. Durante a cirurgia ouvi ainda dele que eu era corajosa de querer tentar um parto normal, que ele não ia mais permitir eu continuar essa loucura e que eu tinha que entender que simplesmente não dá pra perder tempo esperando uma dilatação que eu não tinha.. Meu filho nasceu com apgar baixo, não toquei, não senti o seu doce cheiro de vernix, não o amamentei, tivemos nosso encontro rompido. Meu filho foi amparado por mãos estranhas, frias e sem o mínimo de delicadeza. Meu filho passou por todas as intervenções desnecessárias, meu filho foi esfregado e mantido longe de mim por seis horas. Eu somente o vi no CC, ouvi meu marido dizer que ele estava bem e avisei que estava sentindo muito frio e tremor.. Apaguei, não sei se fui sedada ou se era algo acontecendo. Tivemos alta três dias depois e fomos para casa, eu sentia muita dor! Dor física, dificuldade física.. Dor na alma.. Passei quase um ano sem conseguir olhar para a cicatriz, eu procurava desculpas pra "diminuir" a culpa e colocava para mim que a cirurgia tinha sido necessária, que mulheres não foram feitas pro parto, que a natureza me fez falha.. Conseguir olhar para a cicatriz no meu corpo, me fazia mal, eu me sinto mutilada, no físico e na alma. Até um dia meu marido me falar que nosso filho não tinha nascido de 40s como eu acreditava, mas sim de 38s conforme minha DUM e a US que eu não havia atentado. Veio então a parte difícil: Descobrir e aceitar que sim, meu parto foi roubado. O momento importante da minha vida foi tirado de mim...

Dois anos depois me descobri grávida novamente e então decidi que seria diferente, que aquele parto era meu e ninguém iria me tirar ele. Eu seria a protagonista da minha história, meu filho chegaria cercado de amor e respeito.
Comecei então toda uma trajetória em busca do meu parto, o primeiro passo foi o empoderamento do meu marido, que assim como eu, desejava e precisava também renascer nesse parto. Ele me deu apoio incondicional, nos amparamos e buscamos juntos. Procurei por equipes de pd mas não podia ser atendida na minha cidade, pois aqui não tinha como contar com um plano b confiável. Procurei por doulas, tinha dificuldades de encontrar, hora era a distância, hora era a disponibilidade, hora foi doula que me recusou pois ela só me atenderia caso eu pudesse bancar um domiciliar e não no hospital da minha cidade.. Durante o pré natal, troquei de médico 3 vezes, sai no meio da consulta porque não aceitei exame de toque, fui dispensada por uma médica que disse não dar apoio a loucura de ter um parto normal após uma cirurgia (Não posso aceitar que você tente algo que não existe! Ela me disse.,) No fim, terminei com um médico intervencionista mas que porém, tinha uma taxa razoável de PN. Com 39s ele disse que queria me ver toda semana, para fazer o exame de toque e avaliar a dilatação e sinal do TP. Foi a última consulta e não voltei mais. Encontrei minha doula no fim da gestação e essa prontamente não hesitou em vir me acompanhar. Eu tinha um pouco mais de tempo pois no pré natal eu menti a data DUM e a US não estava confiável para se basear por ela.

Cheguei em 40s, 41s e meu corpo continuava trabalhando intensamente. Meus Pródomos começaram cedo, com 37s, apesar disso eu tinha a íntima sensação de que eu passaria a DPP. Estava pronta pra esperar, estava pronta pra PARIR quando meu bebê estivesse pronto. Nem mesmo decidir não saber o sexo do bebê me fazia ter ansiedade para PARIR. Adorava estar grávida, me sentia única, plena, linda, PODEROSA! Todo apoio que tive de amigas e pessoas queridas sobre respeitar minha escolha e o tempo do meu filho, foram cruciais e fizeram diferença plena. Reconhecer também minhas sombras e definitivamente entender e aprender que o parto é tempo, é entrega, é perder o controle se é que existe controle algum sobre gestação e PARIR.

Cheguei a 42s, os Pródomos cada vez mais intensos, e minhas sombras, meus medos
mais presentes que nunca. Presenciei amigas gestantes parirem assim que entraram a termo, outras pouco antes, outras pouco depois e por um momento me vi revivendo o primeiro tp, onde via todas as mulheres chegando e parindo e eu ficando... Até que minha amiga e doula do coração Maressa me disse, Saí, curte essa barriga, exibe essa barriga rara de 42s, dança, come, ande e desligue-se do mundo.

42+2 eu simplesmente acordei sem Pródomos algum.. Nada, nenhum sinal de dor, tampão, contração nada, absolutamente nada. Nisso conversando com minhas amigas do nosso grupo "Dazíndia" elas disseram: Tá chegando a hora, teu corpo tá guardando energia..
Lógico, sabíamos que não era assim, mas elas estavam corretas na "previsão".

42+4 "voltei" a sentir contração e ao sentir a primeira tive certeza: Vou PARIR. É
o início do tp! Avisei minha doula que começou a se preparar parar vir. (Minha
doula é de outra cidade, 220km de distância)

Era sábado, meu marido foi trabalhar e antes de sair me disse: Eu acredito em você e sei que vamos conseguir. A contração vinha a cada trinta exatos minutos, meu tampão começou a sair intensamente.. No domingo era feriado: Dia de finados e algo me dizia que era o dia escolhido pelo meu bebê. A Maressa me disse: Cí se o bebê escolheu dia 2 será o dia mais lindo! (como não amar essa tribo!) A cada contração que vinha, Sentia a dor mais intensa e forte.

Consegui dormir de sábado pra domingo entre uma contração e outra, acordei disposta, sai pra andar um pouco enquanto minha doula não chegava. Meu marido desceu com nosso filho pro apartamento da minha sogra e ficou comigo me dando apoio e cuidado. A diferença de tempo entre uma contração e outra tinha diminuído mas nós não estávamos contando. Consegui almoçar tranquilamente apesar da intensidade da dor. Conseguia ainda conversar com as amigas "Zíndias" pelo whats, era gratificante ler tantas mensagens de apoio, dicas, orientações cuidado.. Quanta gratidão!

Minha doula chegou pouco depois do almoço, nesse momento ainda conseguia racionalizar.. Pouco tempo depois perdi plenamente a noção do tempo e do que aconteceu no ambiente. Não lembro e o que sei foi minha doula e marido que contaram. Lembro da Doula falar que estava incrível e linda, meu marido me falando que estava orgulhoso e cantando uma música enquanto a doula me ajudava a passar pela contração. Como o espaço entre uma contração e outra estava pequeno, decidimos ir pro hospital. Pedi a eles parar passar só a próxima contração e eu ia me levantar para irmos, nisso senti o "ploc" e o líquido descer.. Minha bolsa tinha rompido e imediatamente comecei a perguntar: Qual a cor do líquido? Qual a cor do líquido? Senti o bebê dar um giro, uma "virada" e o líquido parou de descer. Lembrei (e xinguei muitíssimo) minha amiga Cauane me dizendo que depois que a bolsa rompe a dor era inesquecível. Realmente a dor tinha ficado mais intensa, nesse momento eu pensava em cada amiga que tinha parido Senti a primeira contração após o rompimento da bolsa e falei pra doula que não dava pra ficar de pé, eu estava sentindo tudo queimar e uma vontade quase incontrolável de fazer força. Nesse momento toquei lá embaixo e senti a cabeça do bebê, avisei minha doula: Eu tô sentindo, a cabeça dele está aqui ó, tem muito cabelo! Nisso falei pra ela que não queria ir pro hospital, que eu queria ficar em casa e PARIR ali. Minha doula me disse, sei que é sua vontade, mas lembra de tudo que você quer evitar ao bebê e a você, se você ficar teremos que ir após o nascimento e aí chances de evitar as intervenções com o bebê são nulas praticamente, nisso meu marido também me falou: você me pediu que, caso você não quisesse ir era pra te lembrar que não, que nós devemos ir sim pro hospital amor.. Então eu levantei e descemos. Entramos no carro e, o trajeto até o hospital (2 minutos) foram os piores! (contração com carro em movimento não é legal). Durante o trajeto eu gritava e minha doula me abraçava e dizia: Grita, grita tudo o que você precisa gritar.. Meu marido enquanto dirigia falava: Força amor, você tá perfeita!

Chegamos no hospital e meu marido foi correndo na frente, minha doula ficou comigo e eu já estava urrando e gritando a cada contração. A cada dor eu sentia um misto de prazer, euforia, êxtase e medo. Uma pessoa do hospital o ofereceu uma cadeira de rodas e eu sai gritando que eu estava parindo e não doente! Quando entrei na maternidade dei de cara com a médica que fez intervenções comigo no meu primeiro TP, naquele momento senti um pouco de medo mas eu tinha uma segurança incrível de que eu ia conseguir. Sentia cada vez mais arder e os puxos mais forte. Eu não conseguia entender o que falavam comigo, só sentia minha doula me abraçar e me falar que eu era perfeita, entrega porque você vai conseguir. Acredite... Entramos na sala de avaliação pré parto, Meu marido entregou nosso plano de parto e falou que ele queria amparar o bebê. Tentei me colocar de quatro mas não consegui. O pediatra ficou ao lado e lembro da minha doula avisar que no plano tinha todos os termos de recusa e nós não aceitávamos as intervenções. A médica me olhou (avaliou sem toque nem nada) e apenas disse: Cíntia seu bebê vai nascer, respira agora é com você. Minha doula me amparou pelas costas, meu marido segurou uma das minhas mãos e a contração veio, e com ela eu gritei, grito de felicidade, de realização, de entrega de renascimento. Senti meu bebê descer e girar, senti o círculo de fogo, senti ele nascer. Sem médico, enfermeiras, sem ninguém nos tocar. Meu marido orientado pela equipe, amparou nosso bebê e me falou: Nasceu Nosso Raul meu amor, ganhamos outro menino! Raul nasceu com duas circulares de cordão e veio pro meu colo, mamou imediatamente. Nisso ouvi o pediatra falar: Não é pra clampear o cordão agora, olha como o bebê está ficando rosado, é porque ele está recebendo mais sangue. Enquanto ele mamava a placenta nasceu.

Avaliaram ele, apgar 9/10, me entregaram para amamentar novamente. Levaram ele para ser trocado (ele fez coco assim que nasceu). Raul não foi esfregado, não teve colirio, nem vacina, nem vitamina, nem banho, nem aspirado. Eu não tive episio, nem soro, nem toque, nem ruptura artificial nem nada. Fomos pra sala de recuperação (onde eu fiquei alguns minutos pra avaliar pressão, sangramento e etc) eu jantei e logo em seguida fui tomar banho e então fomos pro quarto. Fiquei conhecida no hospital como "A mulher forte, a louca que conseguiu parir após uma cirurgia." O hospital é plenamente cesarista, o médico que acompanhava meu pré natal, conseguiu chegar minutos depois do nascimento. Me deu parabéns!! Disse que tinha sido como eu queria desde o início e que eu era muito determinada.

Raul Nasceu dia 02 de novembro com 42semanas e 5 dias de gestação.. Saudável, perfeito! Meu útero não rompeu, meu filho não morreu sufocado com cordão, eu tive dilatação e PARI!

Gratidão especial ao meu esposo que manifestou amor total e incondicional pela minha vida. Meu esposo superou suas
próprias dificuldades e aborrecimentos para estar ao meu lado plenamente neste processo. Que confiou em nós e acreditou na minha capacidade de PARIR e na capacidade do nosso filho de nascer.

Gratidão à minha querida doula Vanessa, que me respeitou e me amou! Que me ajudou a entender meus medos e reconhecer minhas sombras. Me deu amparo e embarcou nessa jornada comigo!
Às minhas queridas, lindas e incríveis amigas "Zíndias" É uma honra ter vocês nessa jornada!

Gratidão a todo carinho, cuidado, apoio e ensinamento que vocês me passaram!
Esse é o meu parto, essa é a minha história.
 Cí Souza.












NOTAS DO BLOG:
Esse relato foi escrito pela mãe do bebê e cedido ao blog;
A reprodução dele e das imagens devem ser feitas mediante autorização por escrito;
O relato, como todos os outros neste blog, foi publicado com o intuito de estimular reflexões para situações possíveis durante a gestação, parto e amamentação;
Comentários são bem vindos. Mas caso tenham conteúdo ofensivo, preconceituoso ou sejam desrespeitosos, serão excluídos;
Você também quer dividir a sua história*? Mande-a para o e-mail: vanessadoulamg@yahoo.com.br
* os relatos enviados devem contar a SUA experiência. Fotos e textos enviados poderão ser publicados sem aviso prévio.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Fumar na gravidez reduz taxa do bom colesterol nas crianças



Segundo o estudo, filhos de mães que fumam na gravidez apresentam taxas de colesterol HDL de 1,3 milimol por litro, contra 1,5 de filhos de mães não fumantes


LUIZ COSTA

O cigarro durante a gravidez pode trazer riscos para o bebê


Fumar durante a gravidez reduz a taxa de colesterol "bom" (HDL) na criança, segundo um estudo realizado por pesquisadores australianos com crianças de oito anos divulgado no site do European Heart Journal, órgão da Sociedade Europeia de Cardiologia.

Segundo o estudo, os filhos de mães que fumam durante sua gravidez apresentam taxas de colesterol HDL de 1,3 milimol por litro, contra 1,5 no caso dos filhos de mães não fumantes.

Após levar em consideração diversos fatores (exposição ao tabaco depois do nascimento, duração da lactância, falta de atividade física, massa corporal), a diferença entre uns e outros era de 0,15 mmol/l.

A diferença foi considerada significativa, segundo este estudo elaborado com 405 crianças de oito anos de idade em bom estado de saúde.

Segundo David Celermajer, professor de Cardiologia na Universidade de Sydney, "os resultados indicam que o tabagismo da mãe gera características negativas na saúde do feto, o que pode deixá-lo predisposto no futuro a ataques cardíacos". Tais efeitos parecem durar pelo menos oito anos e, segundo ele, provavelmente, muito mais tempo.

O professor destaca que os níveis de colesterol "tendem a se manter da infância à idade adulta", e que alguns estudos demonstraram que cada aumento de 0,025 mmol/l nos níveis de colesterol HDL "reduz aproximadamente entre 2 e 3% o risco de problemas coronários".

A diferença de 0,15 mmol/l entre os filhos de mães fumantes e não fumantes representar para os primeiros um aumento dos riscos de problemas coronários "de entre 10 e 15%", de acordo com o especialista.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O QUE DEVEMOS SABER SOBRE EXERCÍCIOS NA GRAVIDEZ

Os benéficos proporcionados pela prática dos exercícios são diversos e já bem conhecidos da população em geral. No entanto, durante a gravidez ainda há muitos mitos, medos e preconceitos em relação aos exercícios físicos nesta fase. A cada dia a literatura científica esclarece mais e mais sobre estes benefícios. Porém quando a grávida resolve que quer iniciar sua prática muitos indicam apenas a hidroginástica como “o melhor exercício”. A educação física tem evoluído muito e o número de programas de exercícios existentes atualmente é muito grande. Um profissional bem preparado é capaz de proporcionar á gestante um leque muito amplo de atividades dentro e fora d’água.

Gestante fazendo exercícios físicos

Por isso mais do saber o tipo de exercícios que a grávida pode fazer, devemos nos preocupar com a intensidade, a duração e a freqüência que estes exercícios devem ter. Além disso, o profissional que está prescrevendo exercícios para as grávidas deve conhecer os cuidados a serem tomados de acordo com as alterações fisiológicas de cada trimestre.

De maneira geral, vou deixar aqui algumas dicas para as grávidas:
  • Escolha uma roupa confortável e que facilite a transpiração;
  • Beba água antes, durante e após a atividade para que não haja aumento de temperatura corporal;
  • Escolha lugares ventilados e horários de menos calor;
  • Evite atividades com mudanças de direção e giros, pois há riscos de quedas e entorses por diminuição do equilíbrio e frouxidão ligamentar;
  • Evite atividades com saltos e corridas, pois de maneira geral são atividades intensas e, além disso, prejudicam o assoalho pélvico aumentando o risco de incontinência urinária;
  • Não realize exercícios sem se alimentar, há riscos de hipoglicemia (diminuição da glicose no sangue), o mesmo risco pode acontecer se a atividade for muito intensa ou prolongada (mais de 45 minutos contínuos);
  • Qualquer exercício realizado nesta fase deve ter intensidade leve à moderada, uma maneira fácil de controlar a intensidade do exercício é usar uma escala de 0 a 10, em que zero é uma atividade muito, muito fácil e 10 é muito, muito difícil.
As recomendações internacionais relatam que tanto sedentárias como ativas antes da gravidez podem realizar exercícios durante a gestação. Alguns autores recomendam para as mulheres sedentárias iniciarem os exercícios apenas após o primeiro trimestre. Além disso, o médico deve ser consultado sobre a decisão de realizar exercícios, pois existem restrições absolutas e relativas à sua prática como, por exemplo, mulheres hipertensas e diabéticas que só podem realizar exercícios se tiverem com a doença bem controlada.

É errado pensar que a gravidez não é o melhor momento para iniciar ou continuar a se exercitar. Ao contrário, alguns autores descrevem que a gravidez é uma fase perfeita para a mulher iniciar um programa de exercícios e a partir daí tornar-se uma pessoa ativa. Um estilo de vida ativo é a melhor opção para uma gravidez saudável. Agite-se.